07/08/17 14h14

AES Tietê transfere projeto solar para SP

Valor Econômico

Depois de esperar por mais de um ano por um leilão voltado para fontes renováveis, a AES Tietê comprou um projeto de energia solar por R$ 75 milhões, o que poderá tirar o projeto solar de Água Vermelha do papel. Esse será o primeiro projeto "greenfield" (ativo novo) da companhia no Brasil, e contará com a expertise da matriz americana, contou ao Valor o presidente da AES Tietê, Ítalo Freitas.

"Criamos uma área de engenharia e construção, que terá suporte 'full time' da AES dos Estados Unidos", disse Freitas. Segundo ele, existe total interação entre essas áreas no Brasil com a controladora americana. "Toda a expertise que eles têm no mundo será usada. Inclusive temos engenheiros americanos especializados em energia solar que virão para o Brasil", afirmou ele.

Por enquanto, falta ainda decidir onde ficará a usina. A AES Tietê comprou o contrato de compra de energia (PPA, na sigla em inglês) de um projeto localizado em Tacaibó, em Pernambuco, com autorização para construção de 91 megawatts-pico (MWp) de potência.

O objetivo da companhia, porém, é transferir a autorização para o Estado de São Paulo, na cidade de Ouroeste, a fim de viabilizar a construção da usina solar Água Vermelha, próxima da hidrelétrica de mesmo nome, que também é concessão da AES Tietê.

"O projeto originalmente fica em Pernambuco, mas a ideia é fazer a transferência do PPA para São Paulo. É uma coisa bem simples, o processo já foi iniciado na Aneel", explicou o executivo. A expectativa da AES Tietê é que a aprovação pelo regulador saia dentro de cinco a seis meses.

Se a mudança for aprovada, o contrato permitirá que a companhia construa metade do planejado para o complexo solar Água Vermelha, de 180 MW. A outra metade do projeto deve depender da realização de um leilão da fonte solar fotovoltaica.

Para a AES Tietê, a principal vantagem será nas sinergias na operação da usina, já que ficará ao lado da hidrelétrica. Além disso, praticamente não haverá necessidade de investimentos em transmissão, já que a usina ficará próxima da rede já existente. Outro ponto é cumprir a obrigação que a AES Tietê tem de fazer a expansão da capacidade instalada no Estado de São Paulo, de cerca de 300 MW. "Isso vai marcar o início de nosso investimento em São Paulo", disse.

A possibilidade de construir o projeto no Estado de Pernambuco não é vista como um problema pela companhia. Segundo Freitas, todas as licenças necessárias já foram obtidas e só falta iniciar as obras. Quando a Aneel decidir se o projeto fica em Pernambuco ou muda para São Paulo, a companhia estará pronta para iniciá-las.

"Como a AES é grande consumidora de painéis solares no mundo, já temos inclusive negociações feitas", disse. A negociação é global, o que traz um ganho para a companhia, que pode obter preços mais competitivos.

A decisão pela compra desse projeto se deu pela taxa de retorno, considerada adequada. "Analisamos e vimos que o retorno do projeto é interessante pelo que é exigido pela empresa. Vimos que existe um bom retorno e ainda cumpre a obrigação [de expansão em São Paulo], foi um casamento", afirmou Freitas.

A AES Tietê já tem uma lista reduzida de fornecedores e prestadores de serviços para as obras. "Havendo aprovação da Aneel, acionamos essa lista. Isso só vai trazer benefícios ao setor. A energia não será devolvida [no mecanismo de descontratação], vai estar no sistema, cumprir a obrigação da expansão", concluiu.