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Agricultura inicia um ciclo de crescimento sustentável

Gazeta Mercantil - 24/04/2007

O boom do etanol vai proporcionar um crescimento sustentável do agronegócio brasileiro nos próximos 20 anos. A estimativa da RC Consultores é que milho, soja e cana-de-açúcar impulsionem o setor, devido à demanda mundial por combustíveis renováveis. Os reflexos já devem ser sentidos no próximo ano, quando mais da metade da receita do campo virá destas culturas. Em 2008, a receita crescerá entre 10% a 15%, podendo somar R$ 130 bilhões (US$ 63,4 bilhões).  Fábio Silveira, economista da RC Consultores, não acredita que o campo esteja vivendo um momento de "bolha", mas sim que a agroenergia proporcionará um crescimento sustentável do agronegócio brasileiro, mesmo que passe por momentos de altos e baixos. "Estamos saindo da era do petróleo, rumo à era da energia renovável, que passa pelo álcool e pelo biodiesel", afirma. "A safra 2007/08 será plantada sob o estigma da esperança potencializada. O céu é o limite", diz Silveira. Segundo ele, a decisão do governo Bush de intensificar o uso do milho para energia mudou o mercado agrícola. Até 2025, os americanos vão precisar de 120 bilhões de litros de álcool (20% do consumo de gasolina). De acordo com o economista, os Estados Unidos têm limites de fronteira agrícola e, por isso, o Brasil se beneficia tanto na cana-de-açúcar - com o fornecimento de etanol - quanto com o aumento da produção de milho e soja. "Para alcançar sua meta, os Estados Unidos teriam de sacrificar parte de seu milho e ainda contar com o etanol do Brasil, mesmo com barreiras tarifárias". Ele acredita que o Brasil terá de triplicar a produção de cana-de-açúcar para atender parte do mercado americano. "Poucas vezes o Brasil teve em algum setor um potencial de expansão tão vigoroso como o que o sucroalcooleiro passa no momento", afirma. Já no próximo ano, Silveira estima aumento de produção de 5% para a cana-de-açúcar, fruto dos investimentos dos últimos anos. Segundo o economista, os preços devem se manter nos atuais patamares, pois o mercado sabe que o Brasil tem potencial de oferta para os próximos anos. Mas o grande salto de produção virá em 2010/11, quando os projetos atuais estarão em funcionamento: 650 milhões de toneladas. Ele lembra que "as somas podem ganhar outras proporções se for considerado o mercado japonês".