25/08/17 13h59

Biometano é a aposta do Governo de São Paulo para ligação das usinas de cana à rede de gás canalizado

Gás produzido da vinhaça tem as mesmas características do gás natural de origem fóssil e pode ser injetado na rede

Secretaria de Energia e Mineração

O secretário de Energia e Mineração, João Carlos Meirelles, apresentou na 25ª edição da Fenasucro, um dos maiores eventos de tecnologia sucroenergética do mundo, o projeto do Governo do Estado de São Paulo para incentivar as usinas de cana-de-açúcar a produzirem o gás biometano, que já pode ser injetado na rede de gás canalizado.

Além da possibilidade de vender o biometano para a distribuidora local, as usinas ainda podem utilizar o energético na produção de energia elétrica aumentando a geração de oito para 12 meses do ano e também como combustível dos caminhões que transportam a cana dentro da usina. Tudo isso utilizando a vinhaça, que atualmente usa apenas uma parte do insumo para tratamento do solo e o restante é descartado.

No painel sobre biocombustíveis o secretário detalhou o projeto de utilização do biometano. “Essa é uma cadeia produtiva que se fecha. A cana de açúcar que produz o açúcar e o álcool, também gera energia com o seu bagaço e agora estamos incentivando a produção do biogás para utilização dentro das usinas e do biometano tanto para a injeção na rede de gás canalizado como a utilização nos caminhões flex diesel/gás. É a abertura de um novo mercado para as usina, com geração de emprego, renda e a redução das emissões de carbono”, destacou Meirelles.

Atualmente, existem 201 usinas de biomassa no Estado, sendo que 66 estão a 20 km de distância da rede de gás, o que significa uma nova oportunidade de negócio.

Meirelles destacou o programa de complementaridade do biometano da cana-de-açúcar para ser utilizada não apenas no período da safra. “Com a produção do biometano pelas usinas e a conexão delas com a rede de gás canalizado, teríamos uma aumento na geração de energia nos quatro meses de entressafra. Nos oito meses restantes, o excedente é vendido para a rede”, explicou.

Meirelles destacou também a oportunidade de introduzir o biometano nos caminhões que transportam a cana dentro dos canaviais, transformando-os em veículos flex: diesel/gás. A produção de uma tonelada de cana necessita de quatro litros de diesel. Com a safra de cana 2017/2018 sendo de 637 milhões de toneladas, teríamos uma economia de 1,3 bilhão de litros de diesel por safra. Isso significa uma forte redução nas emissões de CO2.

Ainda na Fenasucro foi assinado um protocolo com a GasBrasiliano e empresas parcerias para testar a aplicação do gás no motor do caminhão que trafega nas usinas.

Um dos principais temas discutidos nos quatro dias de feira é o Renovabio, que segundo projeção do Ministério de Minas e Energia deverá propor que as usinas elevem a produção de etanol dos atuais 28 bilhões de litros para 50 bilhões por ano, com a possibilidade de geração de 900 mil empregos diretos e indiretos ligados à produção do combustível.

A Fenasucro espera 35 mil visitantes de 43 países em uma área de 70 mil metros quadrados no Centro de Eventos Zanini. São mil marcas em exposição, com tecnologias que atravessam toda a cadeia produtiva, desde o preparo do solo ao plantio, passando por colheita, mecanização e logística. Além das rodadas de negócio nacionais e internacionais, o evento aposta na promoção de 300 horas de conteúdo, 100 a mais do que na edição passada, com palestras e encontros realizados em seis auditórios.