17/01/14 11h48

'Brasil mantém liderança na AL'

Banco Mundial diz que economia brasileira terá papel importante no ritmo de crescimento internacional em 2014

Brasil Econômico

O cenário internacional mudou, mas o Brasil continua sendo uma liderança na região da América Latina e do Caribe, projeta o Banco Mundial, que na quarta-feira divulgou relatório com a primeira revisão de suas projeções após três anos, já incluindo uma perspectiva de retomada da economia dos países desenvolvidos. Esse grupo, segundo a instituição, voltará a liderar o mercado nos próximos a partir deste ano, posição tomada pelos emergentes durante a crise internacional.

Mesmo com o destaque dado aos Estados Unidos para o desempenho mundial daqui para frente, o economista do Banco Mundial Derek Chen afirmou ao Brasil Econômico que — ao lado de Angola, China e Índia —, o Brasil deverá manter influência no crescimento global.

Entretanto, o Banco prevê que o país está inserido no grupo de emergentes vulneráveis a alguns riscos. Ele ressalta quatro cenários de insegurança para esses países. No caso brasileiro, o mais sério diz respeito ao câmbio. A previsão é que o real desvalorize frente ao dólar, como fim da política expansionista norte-americana. Mas esse movimento poderá também ser benéfico à balança comercial brasileira, diz Chen, já que torna o país mais competitivo internacionalmente e dificulta a entrada de produtos importados no mercado interno.

Além disso, há o risco de que o crescimento esperado para os países desenvolvidos nos próximos anos não ocorra na intensidade projetada. Caso isso aconteça, os emergentes não poderão contar com um crescimento tão robusto das exportações.

O Banco Mundial demonstra também preocupação com os preços das commodities—produtos líderes na pauta de vendas do Brasil ao exterior. A instituição ressalta a possibilidade de queda “prolongada e grave” das cotações, com repercussão direta sobre as receitas de governos da América Latina.

Por fim, o banco enumera o risco de fuga de capital dos países emergentes em direção aos mercados mais desenvolvidos, por causa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desse grupo e do fim da política expansionista dos Estados Unidos. Na verdade, para Chen, a fuga de capital dos países emergentes já é um fato desde o meado do ano passado. Juntos, o real, a rúpia indiana e o liro turco depreciaram mais de 10% e permanecem abaixo do nível registrado em maio de 2013.

Os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, cresceram, em média, 4,8% no ano passado, abaixo das expectativas. Contudo, para o economista, esse não chega a ser um motivo de preocupação. “Achamos que as taxas revistas são mais realistas e próximas das taxas de crescimento potencial, logo podem ser consideradas mais sustentáveis”.

Chen ressalta que as diferenças entre as projeções atuais para o PIB dos emergentes e as taxas registradas no período de grande expansão (de 2003 a 2007) refletem uma acomodação das economias emergentes após a crise.