29/10/14 14h59

“Brasil profundo” entra na mira do pequeno

Emprego e renda em alta criam oportunidade de negócios fora de grande centros, onde o nível de concorrência é superior

Estado de S. Paulo

Longe das capitais e de olhar atento de muitos empreendedores, o interior brasileiro parece sofrer menos com a desaceleração econômica do País.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o interior ultrapassou as capitais na criação de empregos formais desde 2013. De janeiro a setembro deste ano, foram 412 mil postos de trabalho gerados fora dos grandes centros dos nove principais estados, quase o dobro dos 227 mil cargos observados nas zonas metropolitanas.

Uma estimativa do Boston Consulting  Group  (BCG) afirma que este “Brasil profundo” deve responder por quase metade do consumo adicional das famílias até 2020. Segundo o instituto, o consumo nacional deve crescer R$ 83 bilhões mas áreas metropolitanas.

O levantamento também indica que a população fora dos grandes centro está mal servida, já que durante muito tempo esse contingente foi considerado disperso e difícil de alcançar. Das 98 cidades com mais de 5 mil famílias consideradas ricas, apenas 38 tinham concessionárias de carro de luxo, por exemplo. Além disso, o brasileiro do interior ainda gasta 19% menos com serviços pós-pagos de telefonia celular e 45% menos em educação privada do que nas capitais.

Para Olavo Cunha, sócio do BCG e coautor do estudo, esse mercado é interessante para pequenos e médios por dois motivos. Primeiro, ele não foi ainda abocanhado pelos grandes. Segundo, porque a profissionalização desses lugares vai gerar uma demanda forte para serviços. “Para quem está na capital, a experiência do ambiente competitivo e o repertório de negócios pode ser uma vantagem em relação aos empreendedores locais” afirma.

O estudo mapeia uma lista de cidades com crescimento atrativo, em geral motivadas por ondas de investimentos em áreas estratégicas, como na mineração ou no agronegócio. Ao redor de si essas regiões criam uma espécie de ‘bolsão’ de renda. O empresário que tem receio em migrar seus negócios para o interior pode correr atrás desse filão, seja focando no consumo final ou no fornecimento de produtos e serviços para as grandes empresas instaladas.