06/01/17 14h55

Cidades do interior paulista focam em empreendedorismo para crescerem

Campinas, por exemplo, reduziu a burocracia na abertura e regularização de empresas, e criou fundo para startups. Já Sorocaba oferece incentivos fiscais para atrair companhias de tecnologia.

DCI - Comércio Indústria & Serviços

Cidades paulistas que saltaram em índice de empreendedorismo implementaram ações diversas: melhoria no ambiente regulatório, passando por qualificação de mão de obra e incentivos fiscais.

O município de Campinas, por exemplo, foi da 5ª posição, em 2015, para a 3ª colocação no índice das Cidades Empreendedoras (ICE) de 2016 da Endeavor, com destaque para o quesito “Ambiente regulatório”, no qual a cidade paulista saltou do 21° para o nono lugar.

“No ambiente regulatório, a redução no tempo de abertura de empresas não foi contabilizada em 2015, por isso ficamos em quinto lugar no ICE daquele ano”, esclarece a diretora técnica de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura da cidade de Campinas, Mariana Savedra.

“Já em 2016, a Endeavor nos entrevistou sobre os impactos das políticas de desburocratização adotadas entre 2015 e 2016. Uma delas foi a implantação do Via Rápida Empresa que reduziu o tempo de abertura de empresas de 180 dias para cerca de cinco dias úteis”, afirma a técnica da gestão do prefeito reeleito Jonas Donizette (PSB).

Mariana conta ainda que outra frente foi a criação da Aprovação Responsável Imediata (ARI) que concede em dois dias alvará para reformas de até 500 metros quadrados. “Por fim, aprovamos no final de 2015, o Programa de Regularização de Empresas (Pro-Regem), por meio do qual, firmas irregulares do ponto de vista do zoneamento passam a ser elegíveis para obterem seu alvará de funcionamento. Já entraram 200 empresas no programa e a nossa meta é atingir mais 60 mil até o final do segundo mandato do Donizette”, informa Mariana.

Entenda o caso

O índice de Cidades Empreendedoras (ICE) foi criada pela Endeavor em 2014 para avaliar o ecossistema empreendedor das principais cidades do País. Na edição de 2016, o indicador analisou 32 municípios do Norte ao Sul, em diferentes aspectos: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso à capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. No ICE geral de 2016, São Paulo ficou em primeiro lugar, seguido da cidade de Florianópolis.

 

Cidades mais empreendedoras

Melhor ambiente regulatório

1º São Paulo

1º Uberlândia

2º Florianópolis

2º Brasília

3º Campinas

3º Joinville

4º Joinville

4º Aracaju

5º Vitória

5º Cuiabá

6º São José dos Campos

6º Riberão Preto

7º Porto Alegre

7º Teresina

8º Sorocaba

8º Florianópolis

9º Maringá

9º Campinas

10º Ribeirão PReto

10º Caxias do Sul

11º Belo Horizonte

11º São Paulo

12º Caxias do Sul

12º Belém

13º Blumenau

13º São José dos Campos

Fonte: Índice de Cidades Empreendedoras da Endeavor

 

Incentivos

Já a cidade de Sorocaba chamou a atenção no ICE 2016, ao subir sete degraus no ranking da Endeavor: da 15° posição para a oitava posição entre 2015 e 2016. O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de Sorocaba, Geraldo Almeida, atribuiu o avanço do município às políticas de incentivos fiscais que atraíram empresas de tecnologia e de energias renováveis, como a alemã GFT (de tecnologia da informação) e a subsidiária da Enercon GmbH, a Wobben Windpower (fabricante de turbinas eólicas) também da Alemanha. A primeira chegou em Sorocaba em 2006 e a segunda no ano de 1995.

Para Almeida, a promulgação da lei municipal de incentivos fiscais em setembro de 2015 não só deve contribuir para a expansão das empresas que já estão na cidade, como também para atrair outras companhias, como é o caso da fabricante canadense de painéis solares Canadian Solar inaugurada no dia 8 de dezembro do ano passado.

A legislação de incentivos prevê isenção de 60% no Imposto sobre Serviços (ISS), de 100% no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e de 50% na taxa de fiscalização. “Essa lei foi pensada para atrair empresas de tecnologia, além de buscar competitividade com relação à Barueri, que também oferece incentivos fiscais”, diz Almeida, que fez parte da gestão do ex-prefeito de Sorocaba Antônio Carlos Pannunzio (2013-2016).

Já nos próximos quatro anos quem comandará a secretaria de Desenvolvimento Econômico de Sorocaba é o técnico Roberto Machado de Freitas, sob a gestão do prefeito eleito José Crespo (DEM). Freitas atuou desde 2009 como diretor de empreendedorismo na prefeitura de Sorocaba. O DCI tentou entrar em contato com a equipe de Crespo para saber sobre as perspectivas para área, mas não obteve retorno.

Apesar de não ocupar mais o cargo, Almeida avalia que um dos desafios do município é se consolidar como um pólo de referência na fabricação de energias limpas no Brasil. Para isso, ele destaca que, além de benefícios fiscais, é preciso atuar com formação de obra. Nessa área, ele destaca que a Universidade do Trabalhador e Empreendedor e Negócios da prefeitura tem ajudado a formar pessoas para gerir pequenas empresas. “Além disso, houve um grande crescimento de estudantes universitários em Sorocaba atraídos pelas empresas instaladas aqui. Hoje, temos 50 mil alunos de ensino superior dos quais 18 mil estão matriculados em engenharia”, relata Almeida, destacando que Sorocaba é o maior pólo de manutenção de aeronaves executivas do País.

Formação de pessoas

Já Mariana conta que a prefeitura de Campinas tem ajudado a criar de núcleos de inovação e de apoio a startups nas 19 instituições de ensino superior da cidade, o que contribui para que, hoje, existam 70 empresas de tecnologia para cada 100 mil habitantes em Campinas.

“Fizemos uma pesquisa de competitividade com as empresas que estão se instalando na cidade e chegamos à conclusão de que precisaremos desenvolver mais mão de obra voltada para a cadeia produtiva aviônica se quisermos obter melhor posição no ICE deste ano”, alerta Mariana, informando que uma das ações da prefeitura para fomentar o empreendedorismo neste ano é a consolidação da Agência de Desenvolvimento de Campinas, que prevê destinação de bolsas para startups.

Além disso, a gestão pública do município pretende saltar de posição no ICE de 2017 no quesito “Acesso à Capital” a partir do novo fundo de investimento privado que vai injetar cerca US$ 150 milhões em empresas e startups durante cinco anos. O fundo foi lançado em outubro de 2016. No ICE de 2016, Campinas ocupa a 14ª posição em Acesso à Capital.