23/02/18 11h37

Clima econômico do país atinge melhor avaliação em quase cinco anos, aponta FGV

Valor Econômico

A avaliação do clima econômico do Brasil apresentou, em janeiro, o melhor resultado em quase cinco anos. Na Sondagem da América Latina, anunciada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pelo instituto alemão IFO, houve saldo positivo de 1,5 ponto percentual no clima econômico latino-americano - melhor resultado desde abril de 2013 (1,6 ponto).

No caso do Brasil, houve saldo positivo de 4,3 pontos no Índice de Clima Econômico (ICE) de janeiro, ante saldo negativo de 8,3 pontos na pesquisa anterior, de outubro do ano passado. Este foi o melhor resultado desde abril de 2013, quando o Brasil mostrou saldo positivo de 12,4 pontos, impulsionado por boas respostas sobre o cenário atual do país, informou Lia Valls, economista da fundação.

As instituições não divulgam mais a pontuação completa de clima econômico dos países da América Latina, apenas os saldos - diferenças entre as respostas positivas e negativas. Mas os aumentos, tanto no clima econômico latino-americano, quanto no ICE brasileiro, colocam o continente e o país pela primeira vez em zona de avaliação favorável em 18 trimestres.

Entretanto, a sustentabilidade dessa melhora na percepção de clima econômico brasileiro ainda é uma incógnita. Não se sabe o efeito, no indicador de clima econômico, da não aprovação da reforma da Previdência e da intervenção federal na segurança no Rio.

Lia detalhou que a melhora do indicador brasileiro foi determinada pela evolução favorável do Índice da Situação Atual (ISA), um dos dois subindicadores componentes do ICE. Embora continue a retratar ambiente econômico fraco, subiu 12 pontos, ao diminuir saldo negativo de 43,8 pontos, em outubro de 2017, para 31,8 pontos em janeiro de 2018.

A pesquisadora observou que, no momento, há consenso de que ocorre processo de retomada na atividade brasileira. Alguns analistas já apostam em alta de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2018, comentou a economista. Há sinais consistentes, embora graduais, de melhora na demanda interna e no mercado de trabalho, diz.

Lia lembrou que a inflação menos pressionada no país fez com que o orçamento das famílias ficasse menos comprometido e com maior folga para novas compras. "Tem um lado da economia que não depende de política. O consumo está reagindo, e as empresas começam a vender mais."

É o lado político que pode afetar a trajetória futura do clima econômico brasileiro, disse a pesquisadora. O indicador de janeiro não captou ainda o fim das perspectivas da aprovação da reforma da Previdência. Também não abrange as consequências políticas da atual intervenção federal na segurança do Rio.

A pesquisadora observou também que, entre outubro do ano passado e janeiro deste ano, o Indicador das Expectativas (IE). subíndice do ICE do Brasil, recuou 16,6 pontos. Embora o saldo positivo de 41,3 pontos continue sinalizando otimismo, a queda indica incertezas em relação ao que vai ocorrer no país, nos próximos meses.

"O saldo positivo de 4,3 pontos é um bom resultado, mas não foi nada espetacular", afirmou Lia. "Não sabemos até que ponto essas situações [não aprovação da reforma da Previdência intervenção no Rio] vão afetar percepção de clima econômico do país. Temos que esperar o próximo resultado, para saber que reação o indicador terá. "