20/10/15 14h40

Complexo de laboratórios tecnológicos trará inovações para biotecnologia da cana-de-açúcar no Brasil

PROTEC

A meta do Brasil é se tornar pioneiro na área de biotecnologia para cana-de-açúcar. Em Piracicaba (SP), com a inauguração do novo Complexo de Laboratórios do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o País se dedicará a busca por inovações no setor sucroenergético, incluindo variedades de cana geneticamente melhoradas, sementes artificiais e marcadores moleculares. A ideia é que o novo complexo permita o uso de tecnologias para gerar transformações genéticas em larga escala.

“Ainda existe uma avenida enorme para ser explorada na cana de açúcar. A biotecnologia é o passaporte para isso, para avançar do mundo tradicional para a transformação genética, que é a tecnologia do futuro. Esse laboratório vai viabilizar essa passagem para esse mundo mais moderno”, comentou o presidente do CTC, Gustavo Leite.

Segundo o diretor de negócios de melhoramento genético do CTC, William Lee Burnquist, a cana-de-açúcar modificada beneficiará o produtor com variedades mais produtivas, tolerantes à seca e resistentes à pragas. A primeira dessas variedades, a cana resistente à broca (praga) deve chegar ao mercado em 2017. Com o uso da nova tecnologia, será possível evitar um prejuízo estimado em R$ 4 bilhões por ano.

“Nossa cana geneticamente modificada vai proteger a cana da praga. Isso porque inserimos uma proteína dentro que não vai permitir o consumo pela broca. Isso significa menos inseticida, porque hoje se usa inseticida para combater a praga, menos poluição ambiental, maior facilidade para o produtor e maior benefício para o País”, explicou o diretor.

Além disso, o uso de marcadores moleculares vai permitir a identificação de características desejáveis na cana-de-açúcar por meio da análise de DNA. Cada variedade tem um código de barras (molecular) único e com os marcadores é possível identificá-los. Isso também permite a realização de cruzamentos dirigidos, gerando variedades melhores em menos tempo. “Seremos capazes de reduzir o tempo de desenvolvimento de uma nova variedade, diminuindo ainda mais os atuais oito anos”, completou o diretor. 

No complexo, ainda serão conduzidas pesquisas para o desenvolvimento de sementes artificiais de cana-de-açúcar, inovação que promete revolucionar a maneira como se planta a cultura, proporcionando reduções de custo, melhoria da produtividade e simplificação operacional. "Essa é outra revolução que estamos desenvolvendo, que significa plantar um hectare de cana de açúcar com 300 quilos de semente artificial, em vez de 20 toneladas de muda”, enfatizou Lee Burnquist.

O investimento no laboratório foi de R$ 40 milhões. Parte dos recursos são do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).