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Cresce projeção de vendas para o varejo

Valor Econômico - 24/04/2007

A contínua valorização do câmbio, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e os efeitos das desonerações tributárias sobre alguns setores fizeram com que analistas revisassem para cima as projeções de crescimento das vendas do varejo neste ano. A Gouvêa de Souza & MD subiu de 4% para algo entre 4,5% e 5% sua estimativa de expansão no faturamento desse setor. A Tendências Consultoria Integrada é ainda mais otimista e elevou a projeção de 4,5% para 5,4%. Mesmo que atinja esses números, o comércio não superará o incremento de 6,4%, registrado em 2006. Alguns economistas, porém, acreditam que esse desempenho pode ser repetido. "Não vejo motivo para as vendas do varejo não crescerem tanto quanto no ano passado", afirma Fernando Montero, economista-chefe da Convenção Corretora. Ele diz que a demanda tanto por itens que dependem de crédito como aqueles mais atrelados à renda continua bastante forte. Além disso, lembra que a melhora da atividade agrícola brasileira contribuirá muito para a expansão do varejo. Como os Estados do Sul vinham contribuindo negativamente para o desempenho do comércio, ainda que as vendas nesses locais não cresçam tanto, "vão deixar de derrubar a média do país", diz. Por conta do real ainda valorizado e do aprofundamento dessa valorização em relação ao dólar no início de ano, Maurício Moura, economista da Gouvêa, projeta agora aumento de 4% nas vendas do vestuário. Antes, a projeção estava em 3%. Mas não virá das roupas e dos calçados o principal impulso para o varejo. Por conta do ambiente favorável, as lojas de material de construção e as vendas de produtos de informática serão o destaque deste ano. Moura comenta que nos dois primeiros meses deste ano móveis e eletrodomésticos mostraram os melhores resultados em termos de crescimento em relação ao mesmo mês do ano passado: 24% em janeiro e 19% em fevereiro. Porém, o economista não acredita que esse movimento se sustentará, uma vez que boa parte da demanda por esses produtos foi suprida nos últimos anos. Já o caso dos materiais de construção e dos itens de informática é diferente. Esses dois setores foram beneficiados por isenções e desonerações tributárias ao longo do ano passado. "Os efeitos dos impostos menores levam algum tempo para chegar aos preços praticados ao consumidor", explica o economista.