22/08/14 15h54

Criação de tecnologia aproxima empresas de institutos de pesquisa

Valor Econômico

Os processos de transferência de tecnologia têm propiciado avanços na relação entre o Institutos de Ciência e Tecnologia (ICT) e as empresas. Isso, porém, depende das negociações destinadas a preservar os direitos dos pesquisadores, permitindo à contratante absorver conhecimento para inovar em seu processo produtivo. Foi o caso da Sal Cisne, que contratou do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) o desenvolvimento de uma tecnologia que mudou completamente seu processo produtivo, substituindo um equipamento fabricado nos anos 1940.

"A decisão foi investir em uma nova tecnologia. Nosso objetivo era desenvolver uma versão brasileira de um processo de evaporação da salmoura de água do mar, uma técnica já utilizada na Europa e que teríamos de comprar lá fora", conta Guilherme Barreto Giorgi, diretor executivo da empresa. Ele explica que o IPT fez o projeto básico científico com os mapas de vapor e vazões, mas destaca que era a Sal Cisne que conhecia a operação e assim fez o detalhamento do projeto com os parceiros. A técnica consiste na instalação de tubos aço - com 20 metros de altura e 20 metros de diâmetro - por onde entra a salmoura para ser aquecida.

"A inovação consiste no aproveitamento do vapor gerado num tubo para o processo seguinte, e assim sucessivamente. Nós tínhamos uma ideia e procuramos o IPT para desenvolver uma planta-piloto", diz Giorgi.

Como a ideia do projeto e a continuidade do desenvolvimento ficaram a cargo da Sal Cisne, a empresa queria pelo menos a parceria na titularidade da inovação, mas, segundo Giorgi, o IPT foi irredutível. A solução foi um acordo que garantiu à empresa a exclusividade no uso, cujos detalhes não são divulgados. "O projeto como um todo consumiu investimentos de R$ 25 milhões para a construção da nova fábrica totalmente automatizada, que permitiu uma redução de 50% no consumo de gás", acrescenta Giorgio.

Na Argamil - fabricante de argamassa para a construção civil -, a transferência de tecnologia do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) resolveu uma série de problemas ambientais e econômicos de Santo Antônio de Pádua (RJ), um polo de pedras ornamentais. O beneficiamento das rochas gerava um pó em meio líquido usado no corte que seguia para os rios, além de arestas que eram resíduos descartados pela cidade. O pó assoreava os rios e os órgãos ambientais ameaçaram fechar as serrarias. O governo do Estado encomendou uma pesquisa ao INT e ao Cetem, que desenvolveram uma caixa de decantação que separava o pó da água de corte.

Mas, embora não contaminasse mais os rios, o pó e as arestas ainda precisavam ser reciclados. Em parceria com o Sindicato de Extração e Aparelhamento de Gnaisses no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro (Sindgnaisses) o INT e o Cetem desenvolveram a formulação de uma argamassa que substituiu a areia natural pelo pó de pedra e as arestas britadas.