30/10/14 14h23

Dona do metrô de Paris negocia compra de companhia brasileira

Valor Econômico

A RATP, gigante francesa de mobilidade urbana que opera o metrô de Paris, negocia a compra de uma empresa de engenharia brasileira. A negociação está sendo feita pela Systra, subsidiária da estatal francesa na área de engenharia e serviços. O nome da companhia brasileira, no entanto, não foi revelado.

"Decidimos juntos com a Systra comprar uma empresa brasileira de engenharia, para criar uma plataforma de engenheiros para toda a América Latina, baseada no Brasil", afirmou Pierre Mongin, diretor-presidente global da RATP. A expectativa, segundo ele, é que o negócio seja concluído até o fim do ano. "Esperamos finalizar o mais rápido possível", completou o executivo, que veio ao Brasil esta semana para uma série de reuniões.

O executivo participou de encontro sobre oportunidades de negócios para empresas brasileiras na França e se reuniu com parceiros dos dois projetos em que atua no Brasil - a construção e operação da Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que ligará a região portuária do Rio de Janeiro a diversos pontos do centro da capital fluminense. Ontem à tarde, Mongin também se encontrou com o governador reeleito do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, para cumprimentá-lo pela vitória nas urnas no último domingo.

A RATP já possui uma equipe permanente no Brasil e avalia novas oportunidades de negócios no país. Entre elas estão os projetos do metrô de Porto Alegre e do VLT de Santos. Mongin acrescentou que a empresa também olha oportunidades em Curitiba.

"Nosso desejo é fortalecer a cooperação para deixar a infraestrutura do Brasil mais eficiente. A presidente [Dilma Rousseff] tem o projeto de acelerar o desenvolvimento da infraestrutura. Isso é muito importante para a qualidade de vida dos brasileiros. E acreditamos que nossa experiência e tecnologia pode acrescentar valor", disse o principal executivo da RATP.

A aquisição da empresa brasileira faz parte da estratégia da companhia de ampliar para 30% a participação da área internacional no total do faturamento do grupo, da ordem de € 5,1 bilhões (cerca de R$ 16,1 bilhões) por ano. Hoje os negócios fora da França representam 17% do faturamento da RATP.

Criada em 1948, com o objetivo de reconstruir o sistema de transporte em Paris após a 2ª Guerra Mundial, a RATP transporta 11 milhões de passageiros na capital francesa. A companhia possui hoje 60 mil funcionários, espalhados em 12 países. No Brasil, a primeira atividade da empresa foi a participação na construção do metrô do Rio de Janeiro, na década de 1980.

Com relação aos projetos em andamento no Brasil, a linha 4-amarela do metrô de São Paulo será a primeira linha automática de metrô da América Latina. Segundo Mongin, três linhas do metrô de Paris já operam sem a necessidade de condutor. A linha 1 do sistema francês, em operação há 103 anos e atualmente a mais moderna do mundo, funciona com intervalos de trens de 85 segundos apenas.

A RATP possui 1% do consórcio ViaQuatro, responsável pela construção e operação da linha 4-amarela. Os demais sócios são a CCR (58%), Montgomery Participações (que pertence a um fundo administrado pelo Banif, com participação da Odebrecht, com 30%), a japonesa Mitsui (10%) e a Benito Roggio (empresa argentina do grupo Roggio, com 1%).

No Rio de Janeiro, o VLT ligará o Porto Maravilha ao centro financeiro da cidade e a diversos pontos da região, como o aeroporto Santos Dumont. O custo da obra do sistema, que terá 28 quilômetros de extensão, é estimado em R$ 1,2 bilhão. A RATP detém 0,25% de participação do consórcio VLT Carioca, responsável pela implantação e operação do sistema. Os demais sócios são a Actua - CCR (24,44%), Invepar (24,44%), OTP - Odebrecht (24,44%), Riopar Participações (24,44%) e Benito Roggio Transporte (2%).

O primeiro trecho, de 14 quilômetros, está previsto para entrar em operação no fim de 2015.