14/06/16 13h47

e.Bricks Ventures vai investir R$ 300 milhões em startups

Valor Econômico

Serviços ineficientes irritam as pessoas, mas para a e.Bricks Ventures essa pode ser uma oportunidade de negócios. A empresa brasileira de capital de risco prepara um fundo de R$ 300 milhões para investir em companhias iniciantes cujas tecnologias se mostrem capazes de ajudar a melhorar a qualidade em áreas essenciais. Quatro segmentos foram definidos como alvos prioritários: saúde, educação, serviços financeiros e para pequenas e médias empresas.

Este é o segundo fundo da e.Bricks Ventures, controlada pelas famílias Sirotsky, da RBS, e Szajman, do Grupo VR. A RBS é a maior afiliada da Rede Globo. Além de emissoras de TV, controla estações de rádio e jornais como o diário gaúcho "Zero Hora". Também tem empreendimentos de internet. O Grupo VR atua na área de benefícios como vale-refeição, além de negócios na área financeira e do setor imobiliário.

O fundo está em fase de captação, informa Pedro Sirotsky Melzer, diretor administrativo de capital de risco da e.Bricks Ventures. "Estamos tendo uma receptividade muito boa dos investidores", afirma ao Valor. Os recursos estão sendo captados tanto no Brasil quanto no exterior e a previsão é que os primeiros aportes sejam feitos a partir de julho.

Além de proporcionar os recursos financeiros, a vantagem da e.Bricks Ventures é a experiência de seus sócios principais, diz Eduardo Sirotsky Melzer, presidente do Grupo RBS. "Capital é importante, mas não é suficiente", afirma. A RBS reúne seis décadas de experiência e a VR, 40. "Conhecemos o Brasil como poucos, e aliamos isso a uma formação global, com investidores em Nova York, Miami, México etc."

O primeiro fundo da e.Bricks Ventures, de R$ 100 milhões, foi lançado no fim de 2013. Os recursos foram aplicados em 16 empresas. Até agora, a e.Bricks saiu de um negócio apenas. Entre as companhias que receberam recursos estão a EmpregoLigado, um serviço de vagas para dispositivos móveis baseado em geolocalização; a AppProva, de testes para melhorar o desempenho de estudantes; e a ZoeMob, de rastreamento de familiares por GPS. Ainda há dinheiro do primeiro fundo, mas esses recursos serão empregados nas empresas que já fazem parte do portfólio.

Com o segundo fundo, a e.Bricks quer encontrar respostas tecnológicas capazes de ajudar na resolução de problemas estruturais. "Por exemplo, metade da população brasileira ainda não tem conta em banco", diz Pedro Melzer, ao justificar o interesse em torno das Fintechs, as empresas de serviços financeiros via internet.

Não há um número definido de companhias para receber os aportes. O volume vai variar de acordo com o risco do negócio e sua capacidade de expansão, além da fase de maturidade. As que mostrarem melhor desempenho podem receber rodadas subsequentes de investimentos.

Apesar das dificuldades do Brasil, que vão desde a recessão e o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff até o surto do vírus zika, os investidores estrangeiros estão atentos ao país, diz Cláudio Szajman, presidente do Grupo VR. No curto prazo, o ânimo pode variar, mas o investidor entende que outros países também enfrentam problemas, como terrorismo ou guerra civil, afirma. "Mesmo em relação aos Estados Unidos há muitos pontos de vista diferentes porque se trata de um ano eleitoral", diz Szajman, que mora em Nova York. "O investidor interessado no Brasil é profissional."