29/11/17 12h27

Eletrobras prevê retomar investimentos em 2019

Valor Econômico

Concluída a reestruturação interna da Eletrobras que teve início no ano passado, com a entrada de Wilson Ferreira Junior no comando da companhia, a empresa, já privatizada, deve voltar a investir na expansão das suas operações depois de 2019.

"Claramente, há um espaço muito grande ainda para investimentos em transmissão. Não vamos nesse próximo leilão, mas espero que possamos ver algo ano que vem em termos de investimento. E teremos o investimento, se tudo correr bem, na própria descotização", disse ontem Ferreira, em conversa com jornalistas depois de participar do Smart Grid Fórum, em São Paulo.

Segundo o executivo, ao fim de 2018, a Eletrobras não terá mais projetos pendentes, com exceção da conclusão da obra da megausina de Belo Monte, no rio Xingu (PA), além da termelétrica nuclear de Angra 3, que ainda está paralisada. Todas as obras em atraso, inclusive aquelas da Chesf, que por muito tempo chegaram a inviabilizar a participação da companhia em leilões, serão concluídas, garantiu ele.

Depois disso, a Eletrobras terá oportunidades para voltar a pensar em expansão, com foco em transmissão, geração e comercialização de energia.

"Temos uma decisão estratégica de focar em geração e transmissão. O foco ainda é concluir os projetos que começamos, isso é importante porque elimina penalidades, começamos a gerar caixa", disse Ferreira.

No segmento de comercialização, o objetivo da Eletrobras é se tornar uma "gigante". A descotização da energia alocada em cotas, que representa hoje um terço da capacidade instalada da companhia, reforça esse objetivo, pois vai colocar a companhia como uma grande produtora independente, com foco no mercado livre.

O conselho de administração da Eletrobras vai se reunir em dezembro para aprovar o Plano de Negócios para o período de 2018 a 2022, disse Ferreira. Esse plano deve incluir esses investimentos na expansão da companhia.

Também em dezembro, em reunião marcada para o dia 15, o conselho vai avaliar novamente a modelagem elaborada pelo BTG Pactual e pelo escritório de advocacia Souza Cescon para a venda das 77 sociedades de propósito específico (SPEs) da companhia.

O colegiado se reuniu na última sexta-feira para discutir o assunto, mas foi pedido o prazo adicional para que avaliassem a proposta, disse o executivo. Isso porque será necessário também incorporar recomendações que foram feitas num decreto publicado pela presidência recentemente a respeito da operação de venda desses ativos.

"Definimos que vamos incorporar algumas recomendações lá colocadas no nosso programa de desinvestimentos", disse Ferreira, sobre a reunião da sexta-feira passada. O colegiado pediu mais três semanas para avaliar como isso será feito. Segundo Ferreira, o plano da companhia ainda é concluir as vendas desses ativos já no primeiro semestre de 2018. Os 77 ativos incluem negócios de transmissão e geração de energia eólica.

As vendas das SPEs serão essenciais para que a Eletrobras chegue a uma relação entre dívida líquida e Ebitda abaixo de 3 vezes até o fim de 2018. A companhia tem reduzido a alavancagem também por meio de programas de demissões e cortes de custos e investimentos.