09/10/15 14h46

Empresas apoiadas superam crise e ampliam exportações

Apex Brasil

Apesar da balança comercial brasileira de equipamentos médicos e odontológicos ainda apresentar déficit de mais de US$ 1,7 milhão no primeiro semestre de 2015, as empresas apoiadas pelo projeto Brazilian Health Devices, parceria entre a ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), registraram aumento de 25% em suas exportações considerando o período de janeiro a junho deste ano, passando de US$ 67.175.649 no ano passado para US$ 82.354.894.

A participação das empresas do projeto nas exportações do setor também aumento, de 26,1% para 32,7% no mesmo período.“As empresas apoiadas pelo Projeto Brazilian Health Devices conseguiram exportar mais por estarem cada vez mais preparadas para exportar (normas, mercados alvos, clientes e etc.). Muitas empresas pensam em atuar no mercado externo, mas planejar-se para isso leva certo tempo. Empresas já estruturadas, como as do BHD, conseguiram ter um desempenho excelente meio à crise econômica devido ao planejamento antecipado”, acredita Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Associação.

Para ele, com o mercado interno em marcha lenta, as empresas precisam voltar seus olhos para caminhos alternativos, e a exportação - mesmo que em médio prazo - pode significar uma saída à crise. Um exemplo de exportadora é a Bioteck, empresa brasileira de materiais para o setor de saúde que, em julho deste ano, realizou sua primeira exportação de implantes ortopédicos para o Paraguai.

De acordo com o diretor comercial da empresa, Adolfo Pinson Bischoff, em dois anos, a companhia pretende cobrir todo o mercado latino-americano e ao menos 50% do mercado europeu. “Na Europa, já iniciamos diálogos com Rússia, Ucrânia, Inglaterra e França. Para dar início ao projeto de exportação, tivemos um grande apoio do Brazilian Health Devices, participando de eventos, missões comerciais para outros países e trocando contatos”, detalha Bischoff.

Além de ser um escape para o excesso produtivo a exportação é o caminho para aumentar a competitividade do negócio, pois é um cartão de visitas da empresa e um sistema que a obriga a ser organizada internamente.

Para a gerente de projetos da ABIMO, Clara Porto, os efeitos da atual situação econômica demoram algum tempo para se manifestarem no setor da saúde. “A ABIMO e outros players do segmento têm investido constantemente em inovação, desenvolvimento tecnológico e exportação. O crescimento das empresas apoiadas pelo projeto é um número bastante importante para a indústria nacional e nos permite ser otimistas”.

Outra empresa que tem buscado ampliar sua participação internacional é a Bio-Art, indústria brasileira do segmento de materiais e equipamentos odontológicos que, em 2015, atingiu recorde de exportações em junho, com quase US$ 500 mil em vendas internacionais, e acumulando aproximadamente US$ 2 milhões em exportações nos primeiros seis meses deste ano. No primeiro semestre de 2015 as exportações da companhia representaram 41% do total faturado.

Segundo a Bio-Art, o crescimento médio do mercado nacional em relação à exportação foi de 23,3%, sendo considerado excelente pelo segmento, levando em consideração o atual cenário econômico. “Foram exatamente 90 processos de exportações realizados nos últimos seis meses, uma média de 15 por mês e quase uma por dia. Essas ações tiveram o apoio da ABIMO e da Apex-Brasil”, conta Maria Isabel Piccin, CEO da empresa.

Cuidados

É importante lembrar que, mesmo sendo uma boa alternativa para consolidar crescimento e superar momentos de instabilidade econômica, iniciar uma atividade de exportação requer muito mais do que apenas força de vontade. Clara explica que existem muitos aspectos a serem considerados depois de tomada a decisão de expandir os negócios para o exterior. Entre os aspectos, a executiva aponta que a organização precisa ficar atenta às demandas dos mercados-alvo, à análise dos principais concorrentes atuantes nesses locais e ao grau de competitividade com relação a preços, obviamente.

Além desses pontos básicos, os fabricantes de produtos para saúde devem, principalmente, atentar-se para a escolha dos mercados, especialmente devido às questões regulatórias, assim como o Brasil é altamente regulado pela Anvisa, muitos países também são regulados por suas agências. “É fundamental que o primeiro passo da empresa em direção às exportações seja sua adequação aos padrões internacionais, através da obtenção de registros sanitários nos países para os quais se pretende exportar”, orienta Clara.

Outro obstáculo que ainda deve ser superado dentro do cenário exportador brasileiro é a falta de cultura de nos vermos como um grande país exportador. “Em 2014, exportamos US$ 800 milhões e importamos US$ 4,5 bilhões. Sendo assim, a primeira dificuldade é que o Brasil não tem essa chancela de um grande exportador de produtos de alto valor agregado. Para cada mercado, a indústria brasileira terá que provar que é organizada, que cumprirá acordos, que o produto atende a todas as especificações locais e que está se preocupando com a legislação local”, ressalta Clara.

Para o biênio 2016-2017, entre os 14 países prioritários na lista do BHD estão: Angola, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Índia, Irã, Turquia, além de outros países na Ásia, na Europa e nas Américas.

Sobre o Brazilian Health Devices

O Projeto Setorial (PS) Brazilian Health Devices, executado pela ABIMO em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), tem como missão fomentar as exportações das indústrias de artigos e equipamentos da área da saúde. Brazilian Health Devices é a marca que reúne as indústrias exportadoras do setor e as representa internacionalmente.

Sobre a Abimo

A Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO) é a entidade representante da indústria brasileira de produtos para a saúde que busca promover o crescimento sustentável do setor no mercado nacional e internacional.

Sobre a Apex-Brasil

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) tem a missão de desenvolver a competitividade das empresas brasileiras, promovendo a internacionalização dos seus negócios e a atração de investimentos estrangeiros diretos. A Apex-Brasil apoia, atualmente, mais de 12 mil empresas de 80 setores produtivos da economia brasileira, que exportam para mais de 200 mercados. A Agência também coordena os esforços de atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o País.