07/02/18 13h31

Empresas japonesas estão mais otimistas com o Brasil

Valor Econômico

As empresas japonesas que operam no Brasil estão mais otimistas com a economia. É o que mostra pesquisa feita pela agência japonesa para promoção das exportações (Jetro, na sigla em inglês) realizada entre outubro e novembro do ano passado com 417 empresas que operam na América Latina.

As companhias instaladas no Brasil veem perspectivas favoráveis graças à melhora dos indicadores e aumento dos preços das commodities, mas ainda apontam dificuldades para operar no país. "As empresas de autopeças e produtoras de cabos para conectar equipamentos eletrônicos nos veículos, por exemplo, querem reduzir custos trabalhistas e de energia e analisam se transferir para o Paraguai", afirma Kojiro Takeshita, diretor da Jetro para a América Latina e Caribe.

Com a melhora da economia brasileira, diminuiu o número de empresas japonesas instaladas no país que projetam queda de faturamento - de 40,6% em 2016 para 23,2% em 2017 - e agora elas esperam lucrar mais, graças ao aumento da demanda interna por produtos. Esse resultado, segundo Takeshita, significa que o país saiu da recessão e que o mercado local tende a se recuperar.

Dentre as empresas que consideram os resultados de 2017 melhores que o ano anterior, as razões apontadas são o aumento das receitas (75,6% das respostas) e a redução de custos (28,9%), como mão de obra, administração, energia e combustíveis.

Há otimismo, mas a Jetro destaca que o custo-Brasil ainda influencia a atividade dessas companhias, sendo que 78,8% delas apontaram como problema a complexidade do sistema de impostos e os trâmites fiscais.

Outros fatores que afetaram o resultado, segundo 67% das empresas, foram o aumento do custo da mão de obra e o custo de litígios trabalhistas. Entre os pontos positivos, listaram a escala de crescimento do mercado e a alta concentração de empresas para quem realizam vendas.

Com a estabilidade do câmbio, caiu de 76% para 50,5% o número de empresas que apontaram esse quesito como um problema na comparação com o ano passado.

Apesar da melhora da percepção com relação à economia, a pesquisa mostra que 12% das empresas japonesas que operam no Brasil planejam investimentos no Paraguai para fugir do alto custo de operar no Brasil.

O cenário para 2018 é visto como positivo e 52% das empresas japonesas que operam na América Latina esperam aumentar os lucros, diz Takeshita. No Brasil, 53,5% responderam que pretendem ampliar os negócios em função da expectativa de "recuperação definitiva da economia". A Jetro chamou a atenção para esse resultado, lembrando que houve uma melhora de quase dez pontos em relação aos 42,7% que tinham essa expectativa em 2016.

Considerando os resultado para a América Latina como um todo, 60% das empresas esperam ampliar investimentos, resultado parecido com o realizado no ano anterior. A pesquisa mostrou ainda que esse resultado supera o otimismo mostrado por empresas que operam na Europa Oriental (57,9%), Sudeste Asiático (55,7%), África (52,9%), Oriente Médio (49,8%) e Ásia Oriental.

O único país com piora latente no ambiente de negócios foi a Venezuela. Pela primeira vez, 21,4% das empresas informaram que estão saindo do país por causa da piora do ambiente de negócios e das condições de segurança.

Takeshita, que morou quatro anos em São Paulo, explicou que, a partir de 2012, o Brasil foi superado pelo México como destino de investimentos japoneses. Atualmente, 508 empresas de capital japonês operam no Brasil, ante as 1.046 que têm negócios no México. Entre os motivos, explica o executivo, estavam os planos de produção destinados ao mercado dos Estados Unidos, Chile e Colômbia, mas ele aponta também os custos trabalhistas mais baixos, o maior percentual de jovens no mercado e a existência de portos voltados tanto para o oceano Pacífico quanto para o Atlântico. "Começou com os produtores de autopeças, quando empresas menores decidiram ir para o México", diz Takeshita.

No momento, os negócios das empresa japonesas continuam firme, segundo a Jetro, mas há uma certa cautela por causa da "opacidade das renegociações" do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) que envolve os Estados Unidos, Canadá e México.