06/06/18 11h58

Enel eleva aporte na Eletropaulo

Valor Econômico

Além de desembolsar ao menos R$ 7 bilhões na operação de aquisição de controle da Eletropaulo, a Enel planeja investir mais US$ 900 milhões entre 2019 e 2021 em melhoria nas operações da distribuidora paulista.

Segundo Carlo Zorzoli, presidente da Enel Brasil, os desembolsos irão para a área de manutenção e melhoria de qualidade do serviço, com foco em digitalização das redes. A empresa também prevê investimentos em novas conexões e em tecnologia de informação.

A elétrica italiana garantiu, na segunda-feira, o controle da Eletropaulo ao adquirir 73,38% do capital social no leilão de oferta pública de ações da distribuidora paulista. A empresa desembolsou R$ 5,55 bilhões pela fatia, pagando R$ 45,22 por papel. Ainda há compromisso de um aumento de capital de R$ 1,5 bilhão na Eletropaulo.

Para Zorzoli, a distribuidora paulista não realizou todos os investimentos que precisariam ser feitos nos últimos anos. O executivo calcula que a gestão anterior investiu em média US$ 220 milhões por ano nos últimos três anos.

Em reais, as demonstrações de resultados da Eletropaulo apontam um investimento médio de R$ 807 milhões anuais entre 2015 e 2017. Na cotação atual, os aportes da Enel se aproximariam de R$ 1,1 bilhão por ano.

A nova controladora voltou a defender que pagou o preço justo pela empresa. A conta é de que os investimentos em qualidade e as sinergias globais devem levar, nos próximos anos, o negócio aos múltiplos estimados pela estatal italiana na aquisição. O preço oferecido por ação ficou 14,4% acima do proposto pela Neoenergia, de R$ 39,53 por papel.

"Se olharmos os múltiplos de hoje pode parecer alto, mas não compramos a companhia levando esses números em conta", afirmou Zorzoli, em coletiva de imprensa. "Acreditamos que teremos múltiplos razoáveis em um prazo relativamente curto."

"Plano de investimento pode ter um pequeno impacto na tarifa final, mas sem dinheiro não dá para fazer o serviço"

A Enel também defende que a aquisição não afeta sua capacidade para continuar investindo no país. O grupo possui atualmente alavancagem medida pela relação entre dívida líquida sobre Ebitda de 2,5 vezes. O número é considerável confortável pela administração. "A companhia não só tem capacidade financeira para fazer a operação, como para continuar investindo."

Além do interesse em distribuição, a empresa também quer "continuar protagonista" na geração de energia renovável, onde atua com fontes eólica e solar. Há também a perspectiva de novos negócios em comercialização com a chegada a São Paulo.

A compra da distribuidora paulista será financiada, inicialmente, com empréstimo-ponte com diversos bancos, com prazo de vencimento de 9 a 18 meses. Os garantidores da operação serão a Enel Américas e a Enel Brasil. "Nossa estrutura de dívida tem folga."

Mesmo com o investimento proposto, a Enel não vê impacto significativo do aporte nas tarifas de energia dos consumidores da distribuidora paulista. O presidente da Enel Brasil calcula que 20% da tarifa de energia representem os custos de distribuição. Já outras questões, como geração e risco hidrológico, têm impacto superior no cálculo.

"O plano de investimento pode ter um pequeno impacto na tarifa final, mas sem dinheiro não dá para fazer o serviço", ressaltou.

Em relação a mudanças na administração e até mesmo no nome da companhia, não há nada para o curto prazo. "Vamos trazer novas práticas e novos processos para a Eletropaulo, mas também vamos comparar com os processos da Enel", defendeu Zorzoli, que também não espera uma mudança da sede de Niterói (RJ) para São Paulo.