20/04/07 15h24

Expansão da renda amplia mercado de alimentos

Gazeta Mercantil - 20/04/2007

O aumento da renda mundial e a redução dos preços dos produtos agropecuários farão com que nos próximos 50 anos o consumo de alimentos cresça no mundo, mesmo nos países mais pobres. No Brasil, esse cenário resultará no aumento de 66% nas exportações de produtos agrícolas em cinco anos, o que significará receita externa de US$ 60 bilhões em 2012, segundo projeções do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone). O produto cujo consumo crescerá em ritmo mais acelerado em 50 anos é a carne, que o Brasil já conquistou a liderança nas exportações mundiais. A taxa de crescimento do consumo per capita avançará 0,76% ao ano, três vezes mais que o consumo de açúcar, por exemplo. O presidente da Icone, Marcos Jank, explica que o cenário tem como base o aumento da renda per capita mundial que ocorrerá entre os países mais ricos e, em menor ritmo, entre os mais pobres, como os do Leste da Ásia (Indonésia, Índia, por exemplo). Como conseqüência dessa renda maior, esses países reduzirão o consumo de cereais - arroz, feijão, grãos e raízes - que serão substituídos por mais lácteos, além de carnes. Mundialmente, o consumo per capita de cereais deve cair 0,09% ao ano e o de lácteos subir 0,44%, segundo projeções do Icone. Nesse cenário, o Brasil continuará na liderança do mercado mundial de carnes bovina e de frango, mantendo a atual participação. No caso da carne de frango, por exemplo, o Brasil vendeu ao exterior no ano passado 2,7 milhões de toneladas, ou 42% do total importado pelo mundo. Apesar de ainda ser pouco vendida ao exterior pelo Brasil, a carne suína é a mais exportada mundialmente e continuará nessa liderança. Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor e exportador dessa carne, mas ainda tem acesso restrito aos dez principais mercados por conta de barreiras sanitárias. Entre eles, o Japão, que compra 24% de todo volume que o mundo exporta e paga 46% de todos os valores gerados com esse mercado. Mas, para o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, esse quadro começa a mudar este ano, com o status de livre de aftosa sem vacinação a ser alcançado pelo estado de Santa Catarina, maior produtor de carne suína do Brasil. Com esse pontapé inicial, ele projeta que em cinco anos a carne brasileira estará no topo da lista, ou seja, será a mais importada do mundo.