28/04/16 14h41

Exportações reagem nos setores de máquinas e de alta tecnologia

Folha de S. Paulo

A vantagem competitiva da indústria brasileira no exterior não se restringe aos segmentos ligados a minerais, alimentos e produtos primários. O Brasil se tornou competitivo nos últimos anos em ramos de alta tecnologia, como a indústria aeronáutica, além da produção de motores, equipamentos médicos, carrocerias de ônibus e máquinas alimentícias.

É o caso da catarinense WEG, uma das maiores exportadoras de motores e equipamentos eletroeletrônicos do mundo. A empresa emprega 31 mil pessoas e faturou R$ 9,7 bilhões no ano passado, 24% mais do que em 2014. Hoje, quase 55% da receita vem do exterior, o que tornou a empresa mais resiliente à crise no país.

Com porte menor, a Bralyx Máquinas exporta equipamentos de confeitaria e de produção de massas e salgados para 50 países.

A companhia, que emprega 150 pessoas em São Paulo e fatura R$ 50 milhões, tem quase metade do faturamento no exterior.

A Bralyx começou atendendo a demanda por máquinas de massas para imigrantes italianos no Brasil; hoje, exporta esses equipamentos para a Itália. Replicou a experiência exportando máquinas para quibes e esfihas para o Oriente Médio. Também vende a Portugal máquinas para bolinho de bacalhau.

O caminho da Bralyx para exportação começou ainda nos anos 1990, segundo Gilberto Poleto, presidente da empresa, época em que o real e o dólar tinham praticamente o mesmo valor. "As pessoas perguntavam como podíamos exportar com o dólar a R$ 1. Mas são nesses momentos desfavoráveis, como o atual, que nos preparamos para crescer", disse Poleto.

Especializada em máquinas cortadoras a laser, a Welle Tecnologia é uma antiga start-up que hoje lidera a exportação de equipamentos de corte de precisão no mundo. A empresa, que fatura mais de R$ 10 milhões, surgiu numa incubadora de Santa Catarina, recebeu recursos do Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, e depois do BNDES. No ano passado, abriu um escritório na Suíça para servir de plataforma para negócios internacionais.

Importação

A situação dos exportadores, no entanto, esbarra no alto grau de insumos importados utilizados. No setor farmacêutico, mais de 90% da matéria-prima vem do exterior. Embora as vendas tenham crescido, as empresas sentiram diminuição nos ganhos devido ao aumento de custos, disse Nelson Mussolini, presidente­ do Sindusfarma (sindicato da indústria farmacêutica de SP).