29/03/07 10h40

Gol compra Varig por US$ 320 milhões

Folha de S. Paulo - 29/03/2007

No maior negócio entre companhias aéreas nacionais, a Gol anunciou ontem a compra da Varig por US$ 320 milhões, em um movimento que deve acelerar a chegada da companhia à liderança nos vôos domésticos e levá-la à operação de vôos internacionais intercontinentais. A Varig foi comprada em julho por US$ 24 milhões pelo fundo Matlin Patterson (EUA), que investiu desde então ao menos US$ 75 milhões e estaria tendo prejuízos mensais. Varig e Gol, que juntas atenderão mais de 20 milhões de passageiros por ano, serão geridas como empresas independentes e manterão seus modelos de negócio, apesar da previsão de corte de custos na Varig. A frota da Varig dobrará e ela deve voltar a operar mais de dez destinos internacionais. A Gol pagou US$ 275 milhões pelo total das ações da Varig - US$ 98 milhões em "espécie", e o restante, por meio de entrega de 6,1 milhões de ações preferenciais da companhia aérea (3% das suas ações totais). A transação chega a US$ 320 milhões porque a Gol assumirá US$ 47,6 milhões em debêntures. A compra será feita via GTI, subsidiária da Gol, e depende de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A Gol, de acordo com fato relevante distribuído ontem, continuará a seguir o modelo "low cost, low fare" (baixo custo, baixa tarifa) que introduziu no país ao ser criada, em 2001, ou seja, sem classe executiva e primeira classe, programa de milhagem ou comida quente. Já em relação à Varig fala-se em "serviços diferenciados" e vôos sem conexão, além da continuidade do programa de milhagem Smiles, que não sofrerá alterações. Mas não terá primeira classe nos vôos internacionais. O principal atrativo da Varig são os "slots" (espaços e horários de pouso e decolagem) em Congonhas. São mais de 120 no aeroporto mais disputado do país, muitas na ponte aérea Rio-SP. Tem ainda vastos espaços de balcões para check-in, principalmente em Guarulhos, e linhas rentáveis ao exterior. A Varig tem até a metade de junho para retomar rotas internacionais atraentes, como Los Angeles, Nova York, Lisboa, Madri, Londres, Paris e Milão. A pressa no fechamento da operação evidencia a corrida contra o tempo que a Gol terá que enfrentar para tornar a operação vantajosa. As linhas internacionais são regidas por acordos bilaterais, e a negociação, caso a Varig não consiga retomar as linhas no prazo previsto pela lei, pode demorar. Já a Anac pode submeter a Varig a nova certificação. A Folha apurou que, dependendo da estrutura acionária, a Anac pode exigir novo Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo).