21/11/14 15h14

Honeywell mantém aposta de crescer no Brasil

Fabricante de turbos faz expansão e aguarda mercado maior em 2017

Automotive Business

À frente de uma divisão de negócios que até a virada desta década deverá mais que dobrar de tamanho, Terrence Hahn, CEO global da Honeywell Transportation Systems, tem como missão principal correr atrás de uma fatia maior de um “bolo” estimado em US$ 12 bilhões por ano, com o esperado fornecimento anual de 49 milhões de turbocompressores para veículos no mundo inteiro a partir de 2019.

No Brasil, onde a Honeywell fabrica turbos há 38 anos, a expectativa continua a mesma de exatamente um ano atrás, quando Hahn esteve no País pela última vez para tomar o pulso do mercado (leia aqui). “Apesar do cenário atual de queda das vendas, continuamos esperando por um substancial crescimento nos próximos anos, principalmente por causa (das metas de eficiência energética) do Inovar-Auto. Por isso mantivemos os investimentos em expansão da fábrica de Guarulhos (SP) e poderemos investir mais no momento certo, quando a demanda aparecer”, resume o executivo.

Sem informar valores aportados, este ano a planta de Guarulhos concluiu um ciclo de investimento para começar a produzir a terceira geração de turbocompressores Garrett de geometria variável, o que aumentou a capacidade de produção em cerca de um terço, para pouco mais de 300 mil equipamentos/ano (leia aqui). “O primeiro cliente é a General Motors (picape Chevrolet S10), mas estamos em negociação com mais dois”, informa Christian Streck, diretor-geral da divisão de turbos da Honeywell no Brasil.

Mas o melhor ainda está por vir. A estimativa da Honeywell é que na América do Sul o porcentual de veículos equipados com turboalimentadores deverá crescer dos atuais 17% para 24% até 2019. “A maior parte desse crescimento virá com certeza do Brasil”, reforça Olivier Rabilier, vice-presidente da empresa responsável por mercados emergentes, aftermarket e fusões e aquisições. Com a adoção de turbinas por automóveis a gasolina ou flex – hoje o equipamento só é usado no País em veículos com motores diesel –, a projeção é que as fábricas brasileiras vão produzir mais de 1 milhão de unidades por ano com turbos a partir de 2017; e a Honeywell espera abocanhar ao menos 50% desse novo mercado. Streck garante que Guarulhos tem espaço para crescer e atender os pedidos: “Ocupamos apenas a metade do terreno que temos lá.”

As apostas estão todas voltadas para as metas de eficiência energética expressas no Inovar-Auto, que prevê melhoria de, no mínimo, 12% até 2017, quando Streck avalia que estará fornecendo os primeiros turbos para automóveis com motores ciclo otto, como forma de reduzir o tamanho e consumo sem comprometer a potência – e assim atender as metas do Inovar-Auto.

De acordo com Rabilier, todo esse crescimento deverá ser acompanhado pelo desenvolvimento de uma sólida base de fornecedores, que apresentem eficiência e qualidade para produzir componentes de alta precisão exigidos pelos turbocompressores, que trabalham em regime de alta rotação e temperatura. “Existem oportunidades de fornecimento, principalmente para peças fundidas de alta precisão usadas em nossos equipamentos. Nossa preocupação é formar uma cadeia eficaz de fornecedores no local onde produzimos”, explica.

VENDA DA BENDIX

Segundo Hahn, a estratégia da Honeywell é focar atividades em produtos de alta tecnologia com maior valor agregado, por isso foi tomada a decisão de vender no Brasil a unidade de materiais de fricção para freios. A fábrica de pastilhas, sapatas e fluídos das marcas Bendix e Jurid, localizada em Sorocaba (SP), foi adquirida pela Federal-Mogul em julho passado (leia aqui).

“Depois que a Honeywell Transportation Systems unificou suas operações com a divisão aeroespacial da companhia, todos os esforços ficaram concentrados no desenvolvimento conjunto de tecnologia de última geração e aumento de nossa presença global nessa área de atuação. Por isso optamos por vender a unidade Friction Materials aqui no Brasil”, explicou Hahn.

O executivo avalia que a unificação de operações com a divisão aeroespacial da companhia, anunciada em setembro passado (leia aqui), trará “ganhos expressivos no desenvolvimento de tecnologia, pois aumenta a capacidade de pesquisa com número de pessoas, centros e orçamento muito maiores”. Hahn lembra que a Honeywell Aerospace desenvolve componentes de alta tecnologia e precisão para equipamentos militares, como turbinas para helicópteros. “Esse conhecimento deve trazer grandes evoluções para os turbocompressores de veículos também”, resume.