22/11/06 16h32

Lehman planeja abrir banco no Brasil

Valor Econômico - 22/11/2006

O banco de investimento americano Lehman Brothers já encaminhou pedido ao Banco Central para abrir um banco no Brasil. De imediato, planeja abrir um escritório de representação. Executivos da instituição financeira têm realizado visitas ao país em busca do melhor local. Diferentemente do publicado pelo "IFR Markets", não há interesse da Lehman em adquirir o Banco Fator. Mas, a instituição confirma seu interesse crescente pelo Brasil. Os juros atrativos e em queda no Brasil, a perspectiva de estabilidade do real e de aumento maior no mercado de ações e de debêntures, com um volume recorde de novas emissões neste ano, têm elevado as oportunidades de ganhos no Brasil para os bancos de investimento internacionais. O movimento também recorde de fusões e aquisições ajuda ainda mais a elevar o volume de comissões para essas instituições, que, de uma forma geral, têm ampliado a atuação no país. A operação emblemática deste movimento foi a compra do Banco Pactual pelo UBS por US$ 2,6 bilhões. Há rumores sobre a negociação para compra da Hedging Griffo pelo Credit Suisse. A Lehman faz parte desse movimento e gostaria de voltar ao mercado brasileiro depois de ter reduzido sua presença no início da década. Hoje, não tem nem sequer um escritório de representação e opera com ativos do Brasil por meio de Nova York. Mas a Lehman Brothers já vem ampliando sua carteira em reais, em uma amostra clara do interesse crescente em ativos no país. Em agosto, adquiriu US$ 416 milhões em créditos corporativos inadimplentes, vencidos há mais de dois anos, do Banco ABN AMRO Real, após disputar a carteira com outros sete grupos. O banco de investimentos americano chegou a criar empresa de propósito específico no país, já fechada, para comprar créditos da Parmalat e também tem adquirido crédito consignado de bancos médios brasileiros. Ainda no final do ano passado a Lehman comprou integralmente um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) de US$ 43 milhões lastreado em crédito consignado para pensionistas do INSS gerado pelo BMG em troca de 108% do Depósito Interfinanceiro pelo prazo de dois anos. O objetivo era vender as cotas do FIDC, estruturado pelo Banco ABC, com um deságio aos investidores internacionais. Mas, devido a movimentos no câmbio, a Lehman acabou ficando com os créditos em sua própria carteira.