25/11/16 13h13

Libbs inaugura primeira fábrica de anticorpos monoclonais em escala industrial no Brasil

Com investimento estimado em até R$ 500 milhões que teve apoio da Investe SP, a Biotec ampliará o acesso de biofármacos à população acometida pelo câncer e doenças autoimunes

Investe SP

A Libbs, indústria farmacêutica 100% brasileira, inaugurou nesta sexta-feira, 25 de novembro, sua fábrica Biotec para produção e desenvolvimento de medicamentos biológicos à base de anticorpos monoclonais em escala industrial, que contribuirá para o tratamento de câncer e doenças autoimunes.

O projeto contará com um investimento de até R$ 500 milhões. Para a construção da fábrica, instalada em Embu das Artes, já foram aplicados R$227 milhões de um total de R$ 250 milhões. Esse valor foi financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Já para a condução dos estudos clínicos, o aporte chegará a R$ 250 milhões, repassados pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

A Investe São Paulo, agência de promoção de investimentos e exportação ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, também teve papel fundamental no projeto. “Estamos trabalhando com a Libbs há um ano, e damos suporte a todos os projetos da empresa o Estado de São Paulo. O setor de saúde sempre foi uma prioridade nossa, por conta de toda a tecnologia e valor agregado que traz à economia”, explica o presidente da Investe SP, Juan Quirós.

“Incorporar a tecnologia de produção desses medicamentos em nosso país é de fundamental importância, pois, segundo o Ministério da Saúde, atualmente os biológicos consomem 43% dos seus recursos, cerca de R$ 4 bilhões por ano, apesar de representarem apenas 5% da quantidade adquirida de medicamentos. “Isso tende a aumentar devido ao aumento da expectativa de vida da população e os avanços terapêuticos cada vez mais focados em medicamentos biológicos”, explica a diretora de Relações Institucionais da Libbs, Marcia Bueno.

A Biotec terá capacidade total para produção de mais de 400 kg de biofármacos por ano. Os primeiros seis medicamentos a serem produzidos pela indústria são o rituximabe, trastuzumabe, bevacizumabe, palivizumabe, adalimumabe e etanercepte. Todos focados em Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), programa de estímulo à produção nacional de fármacos e medicamentos do Ministério da Saúde, que prevê a transferência de conhecimento para laboratórios públicos – que, no caso da Libbs, será o Instituto de Pesquisa Butantan.

Para o Presidente da Libbs, Alcebíades Athayde Júnior, este é um projeto que começou a ser idealizado há muito tempo e que foi tomando forma aos poucos, com muito planejamento, organização e envolvimento de todos da equipe. “Depois de muito trabalho, estamos prontos para produzir medicamentos biológicos aqui no Brasil e vamos contribuir para torná-los mais acessíveis, a fim de reduzir a atual dependência tecnológica e vulnerabilidade em relação ao mercado internacional”, afirma o CEO.  

A fábrica contará com uma tecnologia inovadora no seu sistema produtivo: o single-use. Nesse caso, os biorreatores, onde são produzidos os anticorpos monoclonais, recebem bolsas descartáveis que tem como sua principal vantagem, a flexibilidade e a otimização do processo, já que dispensam operações complexas de descontaminação e assepsia dos equipamentos. “Promovemos a economia de 80% de água e 90% de produtos de limpeza, uma vez que, depois de usadas, as bolsas são esterilizadas e incineradas. Para os pacientes, o processo garante qualidade, evitando o risco de contaminação cruzada nas etapas produtivas”, completa Marco Dacal, Diretor da área B2B.

Libbs e suas parcerias

A Libbs estabeleceu parceria com a mAbxience, empresa do grupo Chemo, para a transferência de tecnologia dos biofármacos que irá produzir para tratamento de câncer e doenças autoimunes. Os dois primeiros que estão em fase mais avançada de desenvolvimento clínico são o rituximabe e o bevacizumabe. Mas, antes mesmo de chegar ao mercado, o rituximabe, da Libbs, já fez história: foi alvo do primeiro estudo clínico de um anticorpo monoclonal biossimilar conduzido por uma empresa brasileira.

A empresa também assinou uma parceria para um projeto da Universidade de Utrech, na Holanda. O projeto visa ao desenvolvimento do biossimilar do palivizumabe, um anticorpo monoclonal indicado para prevenir a infecção pelo vírus sincicial respiratório em bebês prematuros. O projeto será coordenado pela Universidade de Utrech, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e será desenvolvido pelas empresas mAbxience, Medigen – indústria farmacêutica do Taiwan – e pela Spimaco, farmacêutica da Arábia Saudita.