12/05/07 12h05

Lucro de empresas tem alta de 27%

O Estado de S. Paulo - 12/05/2007

O ano começou bem para a maioria das empresas de capital aberto. Só nos primeiros três meses de 2007, o lucro médio teve crescimento real (descontada a inflação) de 27,7%. Esse resultado reflete tanto a recuperação da atividade interna como o bom momento do mercado internacional, com demanda aquecida e alta do preço das principais commodities (minério, aço, níquel, etc.). Nesse cenário, a receita líquida apresentou avanço real de 9,7% no período, para R$ 81,22 bilhões (US$ 39,93 bilhões), segundo levantamento feito pela Economática com 83 companhias negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) que apresentaram balanço até agora. O trabalho, no entanto, não inclui o resultado da Petrobrás e da Companhia Vale do Rio Doce, para não distorcer o resultado. No período, as duas empresas divulgaram lucro de R$ 4,13 bilhões (US$ 995,42 milhões) e R$ 5,09 bilhões (US$ 2,5 bilhões), respectivamente. No caso da Petrobrás, o lucro caiu 38% e na Vale saltou 133%. Segundo o presidente da Economática, Fernando Exel, mais que o avanço do lucro, a melhor notícia foi a recuperação das receitas líquidas, que no ano passado derraparam. De acordo com o levantamento, entre as empresas que tiveram maior avanço real do faturamento estão TIM, Perdigão, Sadia, Americanas e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A margem líquida das 83 companhias analisadas subiu de 9,1% para 10,7% e a rentabilidade sobre o patrimônio líquido ficou estável, em 18,1%. A dívida financeira das companhias subiu 9,9% e atingiu R$ 183,86 bilhões (US$ 90,4 bilhões), o que pode significar a retomada de investimentos. Entre os setores com melhor desempenho no trimestre está o de siderurgia e metalurgia. A maioria das empresas registrou lucro e avanço consistente das receitas. No setor, um dos melhores resultados foi verificado na CSN, cujo lucro teve crescimento real de 117%, para R$ 763 milhões (US$ 375,14 milhões). Na mesma linha, o resultado da Usiminas veio 81% (descontado a inflação) acima do verificado em igual período do ano passado. Na área de energia, os números foram bastante favoráveis e também revelam maior vigor da economia interna, afirma o chefe do Departamento de Análise da Prosper Corretora, André Segadilha. Só em janeiro, o consumo de energia cresceu 5,4% e deve manter o ritmo nos demais meses do ano. Ele destaca que o resultado do primeiro trimestre também reflete as reestruturações nas companhias em 2005, que agora começam a dar frutos. Entre os destaques do setor estão Cemig e CPFL, cujos lucros tiveram avanço real de 16,3% e 49,9%, respectivamente. Na companhia mineira, o ganho somou R$ 406,6 milhões (US$ 199,91 milhões), segundo a Economática, e na CPFL, R$ 472,9 milhões (US$ 232,5 milhões). Outra empresa que apresentou desempenho bastante positivo foi a Transmissão Paulista, comprada no ano passado pela colombiana Interconexión Eléctrica (ISA). A empresa verificou um aumento real de 166,8% no resultado líquido. O analista de investimentos de Renda Variável da Máxima Asset, Denilson Duarte, avalia que os números verificados nos balanços do primeiro trimestre são mais consistentes e equilibrados por causa da melhora no mercado interno. No ano passado, afirma ele, os maiores lucros sempre estavam associados às exportadoras.