11/05/07 12h08

Mercado interno atrai empresa exportadora

Valor Econômico - 11/05/2007

As exportações de celulares da Nokia, uma das maiores empresas do setor, caíram para insignificantes US$ 34 milhões no primeiro trimestre deste ano. Em contrapartida, a participação da companhia no mercado interno brasileiro cresceu 15 pontos percentuais, atingindo 29%, o que significa o topo do ranking nacional de celulares. De sua fábrica em Manaus, a multinacional finlandesa chegou a vender US$ 1 bilhão para o exterior em 2005, criando expectativas de que o Brasil se transformaria em uma plataforma de exportação de celulares. A Nokia não é um exemplo isolado. Com a combinação de câmbio valorizado e Produto Interno Bruto (PIB) que deve crescer 4% este ano, as empresas redirecionam seus esforços para o mercado interno, mais protegido da concorrência, principalmente asiática, e pelas tarifas de importação. A decisão das empresas de se voltarem mais ao mercado doméstico não está atrelada apenas ao câmbio pouco favorável à exportação. Reflete, também, uma mudança da demanda interna, que vêm se mostrando mais aquecida há algum tempo. O setor automotivo é o caso mais emblemático. Nos 12 meses acumulados até abril, a produção de veículos cresceu 3,6%, os licenciamentos aumentaram 12,4%, mas as exportações caíram 9,8%, conforme a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Dados da Funcex demonstram que, nos 12 meses até março, a quantidade de veículos exportada caiu 15% - o dado exclui os efeitos do reajuste de preços. Não por acaso esse setor, junto com têxtil, é um dos mais protegidos do país, com tarifa de 35%.  Essa ênfase no mercado doméstico em detrimento do estrangeiro acontece em vários segmentos industriais. No acumulado de 12 meses até março, a quantidade exportada recuou 4,9% nos móveis, 13% nos têxteis e vestuário, e subiu apenas 1,8% em máquinas, conforme a Funcex. Já os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (IBGE) indicam aumento de produção de 13% nos móveis, 0,5% nos tecidos, queda de 3% no vestuário, alta de 15% em máquinas.