23/06/15 13h10

Nilit, de Israel, vai investir R$ 150 milhões no Brasil

Valor Econômico

A Nilit, fabricante israelense de náilon, vai investir R$ 150 milhões para estruturar suas operações no Brasil e dar início a um projeto para tornar o país um centro de exportações para a América Latina.

Em outubro do ano passado, a Nilit comprou a fábrica que a Invista (dona da marca Lycra) possuía em Americana (SP) e o direito de uso da marca Suplex na América do Sul. A operação custou pouco mais de R$ 30 milhões. A fábrica de Americana é voltada à produção de náilon para a indústria têxtil. A unidade tem capacidade para produzir 16 mil toneladas por ano de fibras.

A unidade de Americana recebeu novos equipamentos e passou por mudanças nas linhas de produção para ampliar a oferta de produtos. Com a modernização da fábrica, a meta é aumentar a capacidade para 25 mil toneladas por ano. "Hoje, a produção em Americana é voltada para atender a indústria têxtil, mas não é difícil ampliar a produção para atender outras indústrias, se houver demanda na região para isso", afirmou Francisco Weffort, presidente da Nilit para América Latina.

De acordo com o executivo, os R$ 150 milhões incluem investimentos na fábrica, em capital de giro, formação de estoques e desenvolvimento de negócios na área de termoplásticos - usados, por exemplo, na produção de airbags. "Globalmente, a Nilit fornece termoplásticos para a indústria automotiva. Considerando que o Brasil está entre os dez maiores mercados e há uma exigência de uso do airbag nos carros, há um bom potencial de negócios para a companhia", afirmou o executivo.

Essa é a primeira indústria da Nilit instalada na América Latina. A companhia possui fábricas em Israel, nos Estados Unidos, na China, Alemanha e Itália. No Brasil, a Nilit possuía uma unidade em Guarulhos (SP) para finalização de tecidos em náilon. Essa unidade foi transferida agora para Americana. "A unidade de Guarulhos funcionou como uma escola para o grupo entender a dinâmica do Brasil", disse o executivo.

Weffort afirmou que, por enquanto, a produção será voltada principalmente ao mercado brasileiro, mas a empresa já começa neste mês a exportar produtos para outros países do Mercosul, aproveitando os benefícios fiscais do acordo comercial entre os países do bloco.

O executivo informou ainda que a Nilit começou a produzir no mercado brasileiro algumas linhas novas de náilon, como um fio capaz de reduzir a temperatura do corpo em até 1 grau Celsius e possui características bactericidas e anti-odores.

Weffort disse que a decisão de ampliar a produção no país deve-se à perspectiva de longo prazo de crescimento da indústria têxtil no mercado brasileiro e na região. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções estima que o consumo de produtos de vestuário no Brasil será de 2,1 milhões de toneladas este ano, ante 1,4 milhão de toneladas em 2014.

A Nilit não divulga seus resultados financeiros. No mundo, a companhia concorre com multinacionais como Basf, DuPont, Honeywell International, Rhodia, Invista e outros na produção de náilon para termoplásticos e aplicações têxteis. De acordo com a consultoria americana Grande View Research, esse mercado cresce 5,3% ao ano e vai movimentar até 2020 o equivalente a US$ 850 milhões. No Brasil, o segmento tem expansão em torno de 8% ao ano. O país está entre os cinco maiores mercados de vestuário no mundo e é o segundo maior mercado para a Nilit, segundo Weffort. O primeiro são os Estados Unidos.

A Invista, subsidiária do grupo americano Koch Industries, também fez investimento de US$ 100 milhões nos últimos dois anos no Brasil para instalar uma fábrica em Paulínia (SP). A fábrica paulista, segundo a companhia, aumenta a capacidade de produção da Invista em 70%, mesmo após a venda da fábrica de Americana para a rival Nilit.