13/06/18 11h47

Novelis já avalia nova expansão de fábrica no Brasil

Valor Econômico

Apesar das incertezas políticas e econômicas que já estão pesando sobre previsões de economistas para o Produto Interno Bruto (PIB), a fabricante de produtos de alumínio Novelis segue acreditando que o mercado vai se recuperar de anos em baixa e se prepara para não ficar para trás. As perspectivas se fortaleceram e já fazem a subsidiária do grupo americano no Brasil pensar em uma expansão de capacidade.

Segundo o presidente da Novelis na América do Sul, Tadeu Nardocci, sempre que os sinais de consumo do alumínio apontam para cima, o alerta para possíveis investimentos se acende. Agora, com praticamente todo seu parque industrial ocupado em Pindamonhangaba (SP), para seguir em rota de crescimento, a empresa vai sentar em breve para discutir a possibilidade.

"Quando tivermos mais solidez dos números da economia e das tendências de mercado, vamos até a matriz para conversar sobre esse investimento futuro", disse Nardocci ao Valor. A ideia só deve amadurecer a partir do ano que vem. "Os próximos meses ainda são uma incógnita, mas com maior mercado precisaríamos produzir mais. Só é muito cedo ainda para projetar quanto teríamos de aumentar."

Se sair até 2020, será a segunda expansão do parque da Novelis, no Brasil, nesta década. Em 2013, a empresa completou um investimento que elevou sua capacidade para 600 mil toneladas por ano. Desde então, surfou na relativa resiliência do setor de latas, sua grande especialidade, e agora funciona com utilização de 90%. Só nos últimos sete anos, foram US$ 920 milhões em investimentos para expansão.

O mercado brasileiro de alumínio sofreu com a desaceleração econômica no país e a posterior recessão, que derrubaram o consumo do metal para o pior nível nesta década. A demanda recuou de 2014 a 2016, mas começou a se recuperar lentamente, no ano passado, ainda ficando em patamar inferior a 2015.

Se aumento da produção sair até 2020, será a segunda expansão do parque da Novelis, no país, nesta década

Mas o segmento que importa à Novelis, o de embalagens - mais da metade de seus embarques -, ficou praticamente estável no ano passado. "O importante é que começamos a retomar o consumo de alumínio no Brasil. Todos nossos indicadores de desempenho mostram recuperação do mercado", comentou Nardocci.

Mesmo dentro dessa estabilidade em embalagens, porém, o que a companhia enxerga é a possibilidade de ganhar mais espaço. O executivo explica que, atualmente, menos da metade dos refrigerantes e bebidas alcoólicas vendidos usam latas de alumínio, algo que ele crê ser possível mudar. A expectativa é que essa relação se inverta nos próximos anos.

No ano passado, a fatia de cerveja comercializada em latas foi de 45%, aproximadamente, depois de ficar em 43% em 2016.

Nos quatro primeiros meses deste ano, a parcela subiu para 48%. "Acreditamos que há espaço, sim, para alumínio representar mais do que a metade desse mix", disse o presidente da Novelis na América do Sul, ressaltando que o refrigerante ainda é dominado pela garrafa PET, mas há perspectiva de aumento da lata, hoje com 7%. "E, neste ano, temos um fator adicional de consumo, que é a Copa do Mundo."

Já no ano fiscal de 2018, findo em março, a receita líquida da Novelis na região cresceu 27% frente ao exercício de 2017, para US$ 1,9 bilhão. O resultado significou aproximadamente 17% das receitas totais no grupo americano ao redor do mundo.

Esse aumento foi possível porque o volume de vendas subiu 10,3%, para 523 mil toneladas, com melhora de mix e preços.

O mercado interno é o maior responsável pelo crescimento, com quase 85%, mas também as exportações. A maioria, ou 34%, dessas vendas ao exterior se destinaram aos Estados Unidos. "A estratégia da Novelis, globalmente, é produzir nas regiões em que opera e, depois, equilibrar o uso de capacidade entre as regiões, dependendo da demanda de cada local", explicou Nardocci. "Os EUA têm um aumento de demanda muito interessante, então enviamos bastante para lá."

Essa estratégia pode estar ameaçada com a sobretaxa de 10% que o governo americano impôs sobre importados de alumínio. Mas, por enquanto, o prêmio mais caro de entrega nos EUA tem compensado essa tarifa maior. "De qualquer jeito, foi um começo de ano agitado."