05/12/17 11h20

Operação brasileira ganha peso na receita da GL Events

Valor Econômico

O Brasil vai ganhar mais peso no balanço da francesa GL Events, operadora de casas de shows e centros de exposições e feiras que atua em 19 países e fatura € 1 bilhão por ano. Depois dos Jogos Olímpicos no Rio, em 2016, que alimentou as receitas do Riocentro - um dos empreendimentos da companhia no país -, em 2017 e 2018 o incremento da operação brasileira será determinado pelo São Paulo Expo, o centro de exposições que o grupo europeu assumiu aqui em 2016 e onde já investiu R$ 420 milhões desde o início da concessão do espaço após licitação da prefeitura paulistana.

Em 2016, o Brasil respondeu por 12% do faturamento da GL Events no mundo, ante 7% em 2015. Para este ano e 2018, a expectativa é que essa fatia avance para 15% e 18%, respectivamente. "Apesar da crise econômica, conseguimos atingir uma taxa de ocupação de eventos ao longo do ano que já é uma das melhores do grupo no mundo", disse Damien Timperio, diretor Geral do São Paulo Expo.

Segundo ele, o mercado brasileiro de eventos sofreu com a recessão nos últimos dois anos. Mas a GL Events atraiu feiras e exposições de outros espaços. Esses foram os casos do Salão do Automóvel e do Salão Duas Rodas, que deixaram o Anhembi, e da Intermodal e da Futurecom, realizadas antes no Transamérica Expo Center.

Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), o segmento de eventos acumula alta de 13,5% nas vendas no primeiro semestre deste ano, ante igual período de 2016, depois de ter ficado estagnado desde 2014. "Vemos sinais de que o pior momento passou. Mas a crise, de certa forma, nos ajudou porque os organizadores e expositores ficaram mais sensíveis a novas propostas", disse o diretor-geral do São Paulo Expo.

Com essa estratégia, o São Paulo Expo atingiu este ano uma taxa de ocupação de 58%, acima da média mundial do grupo, de 55%. O número de visitantes em 2017 deve superar os 2 milhões.

O maior evento da São Paulo Expo este ano é a Comic Con Experience (CCXP), que reúne fãs, artistas, profissionais e empresas de quadrinhos, cinema, TV e games, de 7 a 10 de dezembro. "Vamos receber mais de 200 mil pessoas. Esse tipo de evento, voltado para experiências, entretenimento e fãs, está ganhando espaço na agenda do setor", disse Timperio.

Com sede em Lyon, a GL Events atua em 19 países, onde administra 40 espaços para 4 mil eventos anuais. No Brasil, além do São Paulo Expo, com 90 mil m2, opera o Riocentro, onde o grupo investiu R$ 400 milhões, e a Rio Arena, também na capital fluminense.

O diretor do grupo disse que a companhia tem planos de expansão no país. Segundo ele, a GL Events está negociando com operadores hoteleiros e incorporadores a construção de um hotel no espaço onde funciona a São Paulo Expo. "É parte do contrato de concessão. Precisamos convencer os investidores que podemos ter um projeto rentável dentro do prazo da concessão, de 30 anos", afirma.

O executivo disse que a GL Events também está aberta a participar de novos projetos de concessão de espaços em São Paulo, dentro do programa de privatização lançado pela prefeitura para equipamentos como o Anhembi.

Mas ressalta que esse interesse é mais efetivo no médio que no curto prazo, e tem um foco específico: um espaço voltado mais para congressos e seminários que para feiras e exposições. "Se o Anhembi for colocado para concessão como um centro de convenções temos interesse, pois São Paulo não tem um lugar próprio e pronto para receber grandes convenções. O que existem na cidade são centros de exposição adaptados", disse.