23/09/16 14h19

País amplia exportações de lácteos ao mercado russo

Valor Econômico

Dois anos após a Rússia ter imposto retaliações a União Europeia e Estados Unidos em resposta ao embargo que sofre de ambos em decorrência do conflito da Ucrânia, produtos lácteos brasileiros vêm ganhando espaço no mercado russo. Os volumes exportados pelo Brasil ainda são pequenos, mas há condições para que cresçam, segundo empresas do setor.

Com as sanções a Europa e EUA, a Rússia elevou as importações de lácteos brasileiros, principalmente queijos processados e manteiga. Entre janeiro e agosto deste ano, as vendas ao país somaram 532,8 toneladas, com uma receita de US$ 2,234 milhões, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento compilados pela Viva Lácteos. Em igual período de 2015, foram 280 toneladas, com receita de U$ 834,6 mil. Em todo o ano de 2015, foram 430 toneladas, ao valor de US$ 1,560 milhão.

O Brasil fez os primeiros embarques de lácteos à Rússia no último trimestre de 2014. Hoje, há 23 unidades produtoras de lácteos no Brasil habilitadas a exportar ao mercado russo, além de três armazéns.

"O volume ainda é pequeno. Mas há condições de crescer", afirma Gustavo Beduschi, assessor técnico da Viva Lácteos, que reúne empresas do segmento. Ele acaba de chegar de uma viagem ao exterior, na qual acompanhou uma missão oficial do governo brasileiro ao Vietnã e da feira World Food Moscou, na capital russa.

A ida à feira fez parte do projeto de promoção dos produtos lácteos brasileiros no exterior que a Viva Lácteos tem com a Apex. O objetivo foi ampliar o contato entre exportadores e clientes e encontrar novos compradores. "O setor busca perenidade nas vendas à Rússia", disse Beduschi, observando que há a expectativa de que as sanções a produtos europeus terminem no segundo semestre de 2017.

Diante disso, afirmou, os exportadores brasileiros têm feito "um trabalho para continuar como fornecedores" dos russos mesmo após o fim do embargo.

Hoje, o Brasil exporta lácteos para 46 países. Os principais destinos são países da América Latina, como a Venezuela, Oriente Médio e África. Mas os exportadores querem ampliar esse leque de clientes.

Um dos novos alvos é o Vietnã, com o qual o Brasil acaba de assinar acordo sanitário que permitirá a importação de lácteos. O acordo foi assinado durante a visita do ministro da Agricultura Blairo Maggi ao país neste mês.

Beduschi, que acompanhou a missão, disse que o acordo prevê que o Brasil poderá exportar leite em pó e outros lácteos, como leite condensado e queijos ao país asiático. Conforme foi definido no acordo, não será necessário o envio de missões do Vietnã para habilitar unidades produtoras no Brasil, o que deve acelerar o processo, segundo Beduschi.

O assessor técnico da Viva Lácteos disse que ainda é cedo para estimar eventuais volumes a serem exportados pelo Brasil, mas destacou que o objetivo das empresas é conseguir uma parte da demanda vietnamita. Ele acrescentou que empresas do país asiático sinalizaram interesse pelo leite condensado brasileiro.

Em 2015, o Vietnã importou 110 mil toneladas de leite em pó (integral e desnatado), 17 mil toneladas de manteiga e 5 mil toneladas de queijo, segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) citados por Beduschi.

A maior parte do volume importado é de países da Oceania. Também há importações da Europa. Beduschi reconheceu que os produtos brasileiros são menos competitivos que os da Nova Zelândia, por questões logísticas, principalmente. Mas comemorou o acordo sanitário com o país, já que esse é um passo fundamental para acessar qualquer mercado.