29/08/16 15h21

Pesquisas com microrganismos e enzimas podem ser vantajosas para setor industrial

Agência CT&I

Os resíduos das indústrias estão sendo cada vez mais utilizados como matérias-primas para outros produtos. Esta prática está inserida no conceito de biorrefinaria, em que tudo é aproveitado, gerando produtos de valor agregado e mitigando resíduos potencialmente poluidores.

É neste contexto de economia circular que a Embrapa Agroenergia desenvolve a maior parte das suas pesquisas. Uma das suas missões, agora que foi credenciada como unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), é mostrar que os microrganismos e enzimas não só têm aplicação na parte de agroindústria de alimentos, mas também em indústria química, de energia e de materiais.

Segundo Bruno Brasil, pesquisador da Embrapa Agroenergia, os microrganismos são peças chave para atender de forma eficaz as demandas na transição de uma economia baseada em fontes fósseis para a bioeconomia. "Microrganismos são vistos em uma biorrefinaria como um agente transformador de matéria-prima. A diversidade de microrganismos existentes no Brasil traz uma enorme versatilidade metabólica para gerar novos produtos" revela.

As cadeias de produção e uso da cana-de-açúcar e da soja, por exemplo, já trabalham no Brasil dentro da lógica de biorrefinaria. Da cana se produz o açúcar, o etanol anidro, o etanol hidratado e a bioeletricidade, entre vários outros produtos. Da soja, se obtém o farelo para alimentação animal – e consequentemente proteína –, óleo para a indústria alimentícia e para biodiesel, além do grão (quase metade da soja produzida no Brasil é exportada na forma de grão).

A Embrapa Agroenergia desenvolve trabalhos com microrganismos desde 2007, com destaque para processos fermentativos relacionados à produção de etanol e outros químicos renováveis, ao uso de efluentes ou resíduos para produção do biogás e à produção de pigmentos e óleos especiais de algas. Outro ponto forte é a linha de pesquisa sobre enzimas visando à desconstrução de biomassa celulósica para produção de etanol de 2° geração e novas aplicações para os setores industriais oleoquímico, têxtil e de nutrição animal.

De acordo com o pesquisador, serão desenvolvidos ativos tecnológicos com foco em inovação para o setor industrial. Uma vez desenvolvidos, os ativos passíveis de proteção industrial serão depositados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em cotitularidade entre a Embrapa e a empresa interessada em investir nas pesquisas. A exploração econômica desse ativo poderá ser realizada exclusivamente por parte da companhia parceira, sendo isso definido desde a assinatura do contrato do projeto. "Assim a empresa pode recuperar seu investimento e ainda aumentar sua competitividade", destaca Bruno Brasil.

Unidade Embrapii

Em 2016, a Embrapa Agroenergia foi o primeiro centro de pesquisas do centro-oeste credenciado a se tornar uma unidade Embrapii. Além disso, é única unidade da Embrapa a formalizar esta parceria até o momento. Segundo Bruno Brasil, esse é um modelo que as empresas têm a mão para buscar projetos inovadores com instituições de excelência em pesquisa. "Esse é um instrumento que a Embrapa e a maioria das instituições de pesquisa no Brasil carecem, que é ter o recurso financeiro disponível a mão para que se possa fechar parceria público-privada a qualquer momento".