19/10/18 11h49

Preço, renda e menor concorrência levam franquias de volta ao interior

Processo conhecido como ‘interiorização do varejo’ ganhava força até 2013, mas desaqueceu em meio à recessão. Agora, redes traçam planos para ganhar mercado para além dos grandes centros

DCI

*JOÃO VICENTE RIBEIRO


O setor de franquias acelera o movimento de expansão de marcas e unidades do negócio para o interior do Brasil. Entre os principais aspectos que influenciam os empresários a ampliar suas operações, está o custo de vida mais baixo e o surgimento de ambientes seguros para a inauguração das novas lojas. De acordo com um estudo realizado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), São Paulo foi a região com o melhor índice de interiorização de franquias. Dentro do Estado, no primeiro semestre de 2018 ante o mesmo período do ano passado, as cidades que mais registraram crescimento em unidades de franquias foram Presidente Prudente (13%), São José do Rio Preto (12%), Piracicaba (11%) e Indaiatuba (10%). (Veja mais no gráfico).“Esses novos shoppings, centros comerciais, galerias acabam sendo alternativas interessantes que os franqueadores buscam para ter mais segurança. Muitas vezes o empreendedor abre um negócio na rua e não contava com um custo extra relacionado a sistemas para proteção do negócio”, afirmou o vice-presidente da ABF, André Friedheim.Segundo os dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), do total de empreendimentos inaugurados há dois anos, cerca de 78% estão localizados fora das capitais. Além disso, 61,1% desses novos shopping centers foram construídos em cidades nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte.Ainda de acordo Freidheim, a taxa de vacância e inadimplência dentro desses novos empreendimentos não é recorrente no setor de franchising, uma vez que “os franqueados têm o apoio da rede franqueadora e conta com uma estrutura operacional maior do que os negócios sem marca que atuam de forma independente.”Para ele, a abertura de novos negócios no interior envolvem investimentos mais baixos, quando comparados, por exemplo, aos grandes centros urbanos e capitais. “O custo de locação e a mão de obra acaba sendo mais barata no interior. E isso vai fazer uma diferença enorme no final do mês.”Na mesma linha de raciocínio de Friedheim, o presidente da ABF, Altino Cristofoletti, aponta que em tais regiões o franqueado consegue viver com menos renda, “fazendo com que a conta feche do ponto de vista do modelo de negócio. De acordo com ele, essas cidades funcionam como “polos de desenvolvimento” para os setores de agronegócios e também de vestuário. Cristofoletti lembra que o trabalho de divulgação do modelo de franquia e suporte do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é fundamental para o estimular a abertura de novas franquias.Já na perspectiva da diretora regional da ABF de Minas Gerais, Danyelle Van Straten, um dos benefícios e vantagens ao optar pela atuação no interior é a proximidade geográfica com o consumidor. “Não vejo um movimento muito forte de empresários saindo das grandes cidades e abrindo negócios em outras regiões vizinhas. Percebo que as operações [no interior] se desenvolvem muito mais pelo relacionamento que aquela pessoa tem em determinado local”, disse, destacando o fato de que isso se torna mais importante ainda quando o negócio é voltado para a área de serviços. “Essa expansão parte de pessoas que já moram na região e que estão em busca de novas oportunidades de mercado”, complementou.Ainda no aspecto de mudança da mentalidade e o novo espírito empreendedor, o vice-presidente da ABF apontou para o fato de que o surgimento de novos modelos de negócio, como por exemplo venda em quiosque e implementação de unidades dentro da campus, universitários e terminais rodoviários, é reflexo de uma maior profissionalização do franqueado. “É melhor ter uma operação padronizada e próxima do franqueador do que aquele cara independente sem marca que faz muito por meio do método de tentativa e erro”, observou Friedheim.