13/05/07 12h00

Pressão externa força certificação do álcool

Folha de S. Paulo - 13/05/2007

O avanço do Brasil na produção de biocombustível fará com que questões ambientais e sociais, qualidade do produto e sistemas de produção passem a ser vistos cada vez mais com críticas e análises apuradas por concorrentes e importadores. Para evitar essas manifestações e mostrar que a produção segue normas corretas, o produto brasileiro exportado passará por sistema de certificações. Para se adiantar a essas pressões, que começam a vir principalmente da União Européia, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) reúne no final do mês produtores e técnicos do setor de álcool para estabelecer parâmetros para uma certificação. Dependendo do andamento das discussões, o Brasil terá pronto um processo de certificação no início de 2008, diz João Jornada, físico e presidente do Inmetro. O álcool e o biodiesel devem começar a ter as mesmas barreiras não-tarifárias das quais são vítimas outras commodities brasileiras. A mais recente são as carnes bovina e suína, que continuam com mercados fechados após a ocorrência de febre aftosa, há um ano e meio. Os europeus vão buscar comprovações de que o combustível, além de ter qualidades energéticas, não causou destruição de florestas e que tenham sido utilizados processos sociais corretos de produção, segundo Jornada. Como líder nas exportações mundiais de biocombustíveis, é importante que o Brasil lidere e determine os parâmetros de certificação, diz. A pesquisa para a definição dessa certificação deve ter dois caminhos. O primeiro é uma pesquisa científica para determinar os atributos intrínsecos da qualidade aceitos do álcool. Além da análise desses atributos físicos e químicos do combustível, os importadores europeus vão exigir acompanhamento de quesitos socioambientais. A adoção da certificação é voluntária e trará custos às empresas que a adotarem. Pela experiência de certificações nos setores de celulose, frutas e sisal pelo Inmetro, Jornada diz que esses investimentos são compensados pelo resultado das exportações. Definidas essas regras do jogo, o Inmetro passa a acreditar, ou seja, reconhecer a competência das empresas que vão certificar as usinas.