05/06/18 11h47

Private equity tem R$ 30 bi para investir no país

Valor Econômico

Entre novos fundos e outros já captados que ainda não esgotaram o caixa, gestoras de private equity têm R$ 30 bilhões disponíveis para investimentos no Brasil. A conta é da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap).

Apenas no ano passado, o volume de novas captações nesse setor foi de R$ 5 bilhões, sendo R$ 4,4 bilhões em fundos de private equity e o restante em venture capital. Isso não contabiliza fundos globais e de infraestrutura. "Incluindo esses fundos, minha estimativa é que o volume captado seja o dobro", diz Piero Minardi, presidente da Abvcap e diretor da gestora Warburg Pincus no Brasil. Em 2016, as captações tinham somado pouco mais de R$ 2 bilhões.

O aumento de captações se explica pela retomada econômica brasileira, segundo as gestoras, mas também coincide com um período recorde de desinvestimentos dos fundos no Brasil e com um aumento dos investimentos novos. Isso porque quanto mais vendem o que tem em carteira, os fundos buscam recompor suas carteiras com novos investimentos e, se já estão na fase final dos fundos e retornando capital aos investidores, entram em nova fase de captação.

Esse volume de desinvestimentos de fundos de private equity no ano passado foi de R$ 9,8 bilhões, o maior da história, segundo a Abvcap. Desde 2011, o volume total de ativos vendidos pelos fundos foi de R$ 40,5 bilhões. A reabertura do mercado de ações no ano passado acelerou o movimento de saída de alguns fundos. "Dos nove IPOs da B3, seis eram empresas com participação de private equity", destaca Minardi.

Já o total de investimentos de fundos de participação somou R$ 15,2 bilhões no ano passado, ante R$ 11,3 bilhões em 2016. Desse total, R$ 14,3 bilhões em private equity e R$ 900 milhões em venture capital, investidos em 175 empresas.

Aproximadamente 90% dos recursos para fundos de private equity no Brasil vêm de estrangeiros. Por isso, as gestoras têm se organizado para conduzir tratativas com a Receita Federal e com o Ministério da Fazenda sobre a identificação do investidor original em seus fundos. As gestoras têm recebido autuações da Receita quando falham em comprovar que seus investidores são de fato estrangeiros - e, portanto, isentos de imposto sobre ganho de capital.

"Em fase de captação, esses investidores começam a questionar esse risco [de multa]", afirma Fernando Borges, que comanda o Carlyle no Brasil. Representantes da Abvcap devem se reunir com o chefe da Receita Federal, Jorge Rachid, nas próximas semanas para tratar do assunto.