24/11/17 12h15

São Paulo é líder em empreendedorismo

Valor Econômico

São Paulo é a cidade que reúne as melhores condições para abertura de empresas ou expansão de negócios no país. Seguida de perto por Florianópolis (SC), a capital paulista lidera pelo terceiro ano consecutivo o Índice de Cidades Empreendedoras - ICE 2017, elaborado pela Endeavor, cujos dados foram antecipados para o Valor.

"Não é uma surpresa", diz Pedro Lipkin, diretor de pesquisa da organização global, sem fins lucrativos, que tem como missão fomentar o empreendedorismo. Além de ser a principal economia do país, São Paulo supera as outras cidades em quesitos como infraestrutura e acesso a capital. Já Florianópolis, que manteve a vice-liderança, tem se fortalecido como destino para os investimentos. "A capital catarinense oferece mão de obra qualificada e qualidade de vida", afirma.

Vitória (ES) melhorou indicadores e avançou dois níveis na lista, para a terceira colocação. As surpresas vieram no quarto e sextos lugares, ocupados respectivamente por Curitiba e Rio de Janeiro. A capital paranaense subiu 11 posições em relação ao ano passado. "Há um movimento no Estado do Paraná para promover os negócios. Os resultados são notados em cidades como Curitiba, Maringá e Londrina", destaca Marco Mazzonetto, coordenador da Endeavor no Paraná. Já o Rio de Janeiro liderou o pilar de inovação, melhorou alguns indicadores e avançou oito posições no quadro geral, apesar da crise que vive.

A Endeavor analisa o ecossistema brasileiro para o empreendedorismo desde de 2014, quando começou a divulgar o ICE. O estudo traz rankings de desempenho por temas e faz análises regionais. A pesquisa deste ano será lançada na segunda (27), durante evento anual da Frente Nacional dos Prefeitos, em Recife (PE). O objetivo é sensibilizar os gestores em uma época próxima ao início ou renovação de mandatos. "Os prefeitos eleitos terão tempo para implementar melhorias até 2022", comenta Lipkin.

Para ele, está claro que o ambiente de negócios precisa amadurecer para que o país avance. "A solução começa nas cidades", aponta. Os gestores públicos municipais, diz, estão mais próximos dos cidadãos e podem agir para fomentar o empreendedorismo. Uma das atitudes mais eficientes - e que não requer grandes investimentos - é reduzir a burocracia.

Entre os fatores de melhora, Lipkin destaca o ambiente regulatório. Embora ainda longo, o tempo médio para abrir uma firma, hoje de 62 dias, "vem sendo reduzido ano após ano". Entre as cidades, ele destaca Fortaleza (CE), que atuou na racionalização e digitalização de processos e subiu 27 posições no pilar de regulamentação, liderado neste ano por Joinville (SC). "Além de mais ágeis na abertura de empresas, as cidades melhor colocadas no ambiente regulatório promovem mudanças em quesitos como custos dos impostos e complexidade tributária", informa.

Segundo o relatório "Burocracia no Ciclo de Vida das Empresas", também elaborado pela Endeavor, 86% dos empreendimentos brasileiros não conseguem cumprir todas as normas existentes. "Nos municípios que investiram na racionalização e digitalização de processos, há avanços nos negócios, com impactos positivos na economia", diz Lipkin.

O ICE 2017 analisou o ambiente de negócios em 32 cidades, cobrindo 22 Estados. Juntos, os municípios geram cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Além do ambiente regulatório e da infraestrutura, o estudo cobre os pilares de mercado, acesso ao capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. "Esta é a combinação de fatores que forma o ecossistema empreendedor", diz Lipkin

Para evitar as distorções pelo tamanho da população ou da economia, grande parte dos dados foi ajustada a fim de refletir o desempenho proporcional em cada indicador. Neste ano, a Endeavor reviu indicadores para apurar os resultados referentes ao ambiente regulatório, excluindo quatro dos dez processos avaliados. O novo cálculo considera os dias corridos para obtenção de inscrições e licenças para novas firmas.

A estrutura elaborada pelo estudo foi adequada à realidade brasileira, mas está em sintonia com as ferramentas de avaliação utilizadas por consultorias internacionais e instituições como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A pesquisa inclui companhias de todos os portes e setores. Os sete pilares analisados geraram rankings temáticos, que foram utilizados como base para o índice final.

Além de dados públicos, como os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Endeavor conta com uma rede de parceiros na elaboração do índice, com apoio para metodologia e obtenção de dados. São elas: Sedi (dados sobre abertura de firmas e regularização de imóveis); EY (suporte na metodologia e coleta de indicadores para o pilar de ambiente regulatório); Viva Real (mercado imobiliário); 99 (mobilidade urbana); Anprotec, CNI e Senai (inovação); Neoway (levantamento de empresas com patentes e softwares nas cidades analisadas); Spectra Investments (números do mercado de capital de risco); Instituto Meta e Opinion Box (cultura empreendedora).

Confira o ranking: 

 

 

O estudo completo estará no portal da Endeavor a partir de 27/11. www.endeavor.org.br