08/06/18 12h09

Setor privado pede acordo de investimentos na OMC

Valor Econômico

Companhias brasileiras têm quase US$ 200 bilhões em ativos no exterior, o que é uma boa razão para o país defender a negociação de um acordo global de facilitação de investimentos na Organização Mundial do Comércio (OMC).

A mensagem foi dada ontem pelo setor privado brasileiro na OMC durante o "Trade Dialogues", uma iniciativa do diretor-geral da entidade, Roberto Azevêdo, que juntou mais de 60 representantes de empresas grandes e pequenas de todos os cantos do mundo para discutir desafios que o comércio mundial enfrenta.

Pelo Brasil, participaram a Confederação Nacional da Industria (CNI) e a Embraer. Estiveram presentes representantes de multinacionais como Unilever, Alibaba, Fedex, DHL, Adidas, Amazon, Apple, BT Group, Associação de Exportadores de Bangladesh, Business Europe, Cargill, Consumers International, Diageo, Dow Chemical, Ericsson, Google, Huawei, Keidaren, Samsung, Syngenta, entre outros.

Todos defenderem a OMC e o sistema multilateral de comércio. "Como representante do setor privado brasileiro, expressamos nossa profunda preocupação com tentativas de se enfraquecer o sistema multilateral de comércio", afirmou Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI. "O comércio mundial precisa de regras previsíveis e de regras que são aplicadas a todos. Sem isso, consequências negativas sobre o emprego e a renda mundial serão inevitáveis."
Os executivos defenderam ações em questões prioritárias, como uma negociação de acordo de facilitação de investimentos.

Abijaodi afirmou que o Brasil é um dos países mais abertos ao investimento direto estrangeiro, mas que pode se beneficiar de um acordo de facilitação nesse setor. Lembrou avaliação do Banco Mundial, de que o Brasil é um dos países mais lentos no mundo para se abrir a negócios com o estrangeiro. Além disso, para alcançar crescimento de 3% nos próximos anos, o país necessita aumentar o total de investimentos, doméstico e internacional em relação ao PIB - de, pelo menos, 16,4% atualmente (139ª posição no mundo) para 21%.

Para o diretor da CNI, um acordo na OMC é também importante para os investimentos brasileiros no exterior, visto o montante dos ativos de suas multinacionais fora do país. Ele mencionou uma pesquisa realizada pela ApexBrasil, mostrando que o conhecimento sobre a legislação e informações sobre o mercado são as duas principais dificuldades que companhias do país enfrentam ao investir fora.

O setor privado brasileiro listou três questões que considera essenciais num acordo de investimentos. Primeiro, deve criar pontos focais em cada país para dar assistência ao investidor estrangeiro e fornecer informações sobre leis, regulamentações e políticas públicas.

Segundo, deve criar uma única entrada para submissão de documentos pelo investidor externo, similar à janela única do Acordo de Facilitação de Comércio. E terceiro, no caso de países com critérios como licença para aprovar investimentos, o acordo deve torná-los transparente, objetivo, não discriminatório e rápido.

Para Azevêdo, o engajamento do setor privado na OMC continua aumentando, algo ainda mais importante no cenário atual.