25/05/18 12h00

Smart planeja investir R$ 700 milhões no país

Valor Econômico

A fabricante de componentes eletrônicos Smart Modular Technologies vai investir R$ 700 milhões ao longo dos próximos três anos para ampliar sua atuação no país. Hoje, a empresa é a principal fornecedora de memórias para fabricantes de computadores e smartphones no Brasil.

Com o investimento, o objetivo é entrar em segmentos como leitores de impressão digital, internet das coisas e armazenamento de dados - com dispositivos de estado sólido, ou SSD - e módulos de câmera (que podem ser usados em celulares). Em 2017, a Smart já havia investido na produção de baterias para smartphones (que começam a ser vendidas em agosto) e em módulos com tecnologias Wi-Fi e Bluetooth para computadores.

Segundo Ajay Shah, cofundador e presidente do conselho da empresa, que assumiu o comando do dia a dia das operações em março, a meta é chegar a 2021 com mais que o dobro da receita e do número de funcionários atuais. Há 16 anos no Brasil, a Smart tem 625 funcionários em sua unidade em Atibaia (SP) e registrou vendas de quase US$ 400 milhões no ano fiscal 2017, encerrado em agosto, uma alta de 62% na comparação com 2016. O avanço foi mais acelerado que o crescimento geral da empresa, de 42,5%, para US$ 761,3 milhões. Com isso, o país passou a representar 52% dos seus negócios no mundo, ante 46% em 2016.

Perguntado se a fatia será mantida ou ampliada no futuro, o executivo disse que o potencial de crescimento do Brasil é grande, mas que não há um plano para que o país tenha uma representação específica. "Queremos crescer em todo o mundo", disse.

Ontem, Shah, KiWan Kim, vice-presidente sênior de mercados emergentes e presidente da Smart Brasil, e Rogerio Nunes, vice-presidente e gerente-geral da subsidiária, foram apresentar seus planos no Brasil aos Ministérios do Desenvolvimento (MDIC) e das Comunicações (MCTIC). "Não se trata de um movimento de relações públicas de coisa futura que pode ou não acontecer. Já mostramos o comprometimento com o país", disse Shah. Nos últimos dois anos, a empresa investiu R$ 250 milhões em pesquisa e desenvolvimento local de produtos, disse ele.

O avanço da companhia ocorreu de forma mais acelerada nos últimos dois anos e no mercado de smartphones. Marcas que produzem smartphones, tablets e computadores no país podem ser beneficiadas com incentivos fiscais pelo processo produtivo básico do MDIC. Em contrapartida, precisam comprar um percentual mínimo de componentes eletrônicos fabricados no país. No mercado de memórias, a Smart é líder, sendo pouco ameaçada pelas concorrentes HT Micron, Adata, Brasil Componentes (Multilaser) e Cal-Comp, como apurou o Valor.

Alguns desses mecanismos têm sido questionados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) por serem considerados barreiras comerciais. De acordo com KiWan Kim, vice-presidente sênior de mercados emergentes e presidente da Smart Brasil, a companhia tem conhecimento que os programas serão debatidos em Genebra em junho e quer aguardar até que uma decisão oficial seja publicada para avaliar se a decisão representa algum risco para sua operação ou não.