30/10/14 14h26

Syngenta eleva investimentos no mercado de tratamento de sementes

Valor Econômico

A multinacional suíça Syngenta está concluindo um pacote de investimentos no mercado de tratamento de sementes na América Latina, com o objetivo de dobrar nos próximos três anos sua receita nesse segmento na região, atualmente na casa dos US$ 350 milhões (ou cerca de 10% do faturamento local). A estratégia, deflagrada em 2009, envolve o aporte de US$ 15 milhões em obras de infraestrutura e compra de maquinários, disse ao Valor Fabián Quiroga, diretor de tratamento de sementes da Syngenta para a América Latina.

"Inauguramos este mês uma nova unidade de tratamento de sementes na Argentina e a do México entrará em funcionamento em janeiro de 2015, cada uma com um investimento de US$ 1 milhão", afirmou o executivo. No Brasil, a Syngenta já havia construído em 2009 um centro nos mesmos moldes em Holambra (SP), que absorveu US$ 4 milhões. Mas a companhia destinou à unidade mais US$ 1 milhão para a ampliação de um laboratório de análise de qualidade, que deverá ser concluída no segundo trimestre do ano que vem.

Na prática, a Syngenta abre caminho para que a América Latina tenha condições de oferecer soluções mais focadas nos agricultores locais, segundo Quiroga. "Decidimos especializar cada unidade por cultura. A do Brasil estará mais voltada à soja. A da Argentina, ao milho, e a do México, ao arroz". Ao todo, a companhia tem dez desses centros dedicados ao tratamento de sementes no mundo, que chama de "Seed Care Institute".

Tratar sementes não é novidade na agricultura. Boa parte dos produtores do Brasil dedica-se há anos ao revestimento de sementes com defensivos, como inseticidas e fungicidas, um trabalho manual feito nas fazendas. Mas a valorização trazida pela transgenia na última década atraiu a atenção de grandes players, que imprimiram mais profissionalismo à atividade - agora desenvolvida em modernas instalações industriais. Estima-se que o tratamento de sementes movimente algo entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões no mundo atualmente, sendo US$ 700 milhões no Brasil. A expectativa, contudo, é que o segmento ultrapasse a casa dos US$ 4 bilhões até 2018.

A Syngenta foi uma das pioneiras no tratamento industrial de sementes no país. Começou a "tatear" o mercado em 2005, e três anos mais tarde, esse já era um negócio consolidado para a múlti. De acordo com Quiroga, o gasto dos agricultores brasileiros para terem esse diferencial na semente é relativamente pequeno: 3% do total investido na produção de soja.

Para acelerar a adoção do tratamento industrial no Brasil, a Syngenta investiu US$ 6 milhões em maquinários para os cerca de 60 sementeiros (especialmente de soja) com os quais trabalha. "Essas máquinas representam 60% do investimento total da estrutura de tratamento. Em contrapartida, esses produtores de sementes se comprometem a dar prioridade às nossas tecnologias", explicou Quiroga. Há uma iniciativa semelhante na Argentina, onde a companhia reservou mais US$ 2 milhões para suporte às sementeiras locais.

Conforme Quiroga, a oferta de sementes de soja tratadas industrialmente no Brasil saltou de 500 mil sacas, em 2010, para 5,5 milhões este ano. Desse volume, 55% passam pelas mãos da Syngenta, mas a meta é incentivar a migração de agricultores que hoje fazem o serviço dentro da fazenda. O objetivo é conquistar de 38% a 40% de market share do mercado total de sementes certificadas de soja no país, hoje estimado em 21 milhões de sacas (tratadas e não tratadas).

Atualmente, o portfólio de proteção de sementes da múlti é baseado em defensivos agrícolas, mas o plano é engrossar a oferta de produtos biológicos e de nutrição vegetal nos próximos anos.