08/12/16 15h19

Tower Transit, dos ônibus de Londres, pretende disputar concessões no país

Valor Econômico

Uma das operadoras dos tradicionais ônibus urbanos de dois andares que circulam em Londres e são uma das marcas registradas da Inglaterra está interessada em atuar no mercado brasileiro. A Tower Transit, dona de 450 desses veículos e que transporta 100 milhões de passageiros apenas na capital britânica, abriu um escritório em São Paulo e busca sócios locais.

"Vemos no sistema de transporte urbano no Brasil alguns sinais que apontam para mudanças que vão demandar mais 'expertise' e abrir espaço para companhias estrangeiras", disse o presidente da Tower Transit, Neil Smith, também membro da família que controla a companhia, de capital fechado. "Trânsito cada vez mais congestionado, menor capacidade para investimento em tecnologia e em frotas mais modernas, com custos crescentes e a taxas superiores à inflação são alguns gargalos que terão que ser enfrentados", disse o empresário.

Além de operar desde 2013 uma das diversas redes de ônibus urbanos em Londres, a Tower Transit tem concessões em Cambridge, também no Reino Unido, além de operações na Austrália, país onde a empresa foi criada em 1995, e em Cingapura, mercado no qual o grupo estreou ano passado.

No total, a Tower Transit soma 2 mil ônibus em concessões que representam contratos da ordem de US$ 1 bilhão, disse Smith. A companhia emprega 5 mil funcionários e teve faturamento da ordem de US$ 500 milhões no último ano fiscal - sendo cerca de 33% desse valor no Reino Unido.

O presidente da Tower Transit disse que tem acesso a recursos para investir no Brasil em disputas de concessões. "Mas nossa intenção não é entrar sozinhos. Queremos atuar com parceiros locais. O modelo mais provável seria o de joint venture", disse o empresário. "Já temos conversas com um parceiro local", acrescentou. O nome da empresa ainda é mantido em sigilo.

Smith conhece o Brasil desde os anos 80, quando esteve no país para importar ônibus Marcopolo para operadores da Austrália. "O Brasil é um mercado singular, com leis complexas", afirmou o empresário. "Sabemos que há uma crise econômica e política, mas exatamente por isso vemos oportunidades. Se não fosse por esse momento, provavelmente não haveria brechas para companhias estrangeiras no segmento de transporte urbano", apontou.

A Tower Transit tem foco em grandes regiões metropolitanas. "São Paulo é um de nossos interesses. Mas vamos monitorar oportunidades em outras capitais, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, ou mesmo grandes cidades secundárias", afirmou.

O empresário disse que o modelo de frota de dois andares é peculiar a Londres, algo que não deve ser reproduzido no Brasil. "Lá a questão é de pouco espaço na malha viária e de estacionamento dos veículos", disse. "Mas operamos diferentes tipos de frotas em diferentes mercados."

 No caso da capital paulista, a prefeitura lançou em outubro do ano passado um processo de licitação para reformular todo sistema de ônibus da cidade, em um programa para repassar a concessão de cerca de 1,5 mil linhas a empresas privadas, por um prazo de 20 anos.

 O processo foi suspenso por questionamentos do Tribunal de Contas do Município (TCM), sendo liberado em julho último, mas ainda não há data para a nova licitação ser publicada.

O transporte urbano de ônibus paulistano atende cerca de 6,5 milhões de passageiros por dia, por meio de uma frota de 14,8 mil veículos.