09/08/18 14h04

Uber planeja dobrar investimento em unidade que conecta caminhoneiros a transportadoras

Serviço Uber Freight foi criado em maio de 2017, após empresa adquirir startup do setor no ano anterior

Folha de S.Paulo

A Uber está criando uma unidade separada de seu negócio de caminhões de longa distância, com planos de dobrar o investimento na unidade para impulsionar o crescimento antes de sua tão esperada oferta pública inicial de ações.

A companhia informou na terça-feira (7) que o negócio de frete, que conecta caminhoneiros a transportadoras, será liderado por Lior Ron, ex-funcionário que deixou a companhia em março.

Durante a ausência de Ron, a empresa negociou um acordo que o permitiu retornar e deu ao Uber Freight mais flexibilidade para aquisições e investimentos estratégicos.

Ron é cofundador de uma companhia de caminhões autônomos chamada Otto, que o Uber adquiriu em 2016 e depois tornou-se o epicentro de uma disputa judicial envolvendo roubo de segredos comerciais.

A ação aberta pela unidade de direção autônoma da Alphabet, a Waymo, foi encerrada pelo Uber em fevereiro com um acordo de US$ 245 milhões (R$ 924 milhões).

Como parte da reorganização das operações do Uber, os cofundadores e empregados da Otto receberão uma participação acionária no Uber Freight, embora o Uber tenha se recusado a fornecer detalhes sobre o valor da fatia ou o número de funcionários contemplados com a medida.

Anthony Levandowski, que fundou a Otto juntamente com Ron e esteve no centro das alegações de roubo de segredos da Waymo, também recebeu participação acionária no Uber Freight. Mas ele, que foi demitido pelo Uber no ano passado, está vendendo as ações para um grupo de venture capital, de acordo com a empresa.

Levandowski não respondeu imediatamente ao pedido de comentário.

Ele e Ron anteriormente trabalharam para a Alphabet.

Levandowski não era réu no processo aberto pela Waymo, mas foi acusado de baixar documentos confidenciais antes de deixar a empresa. No caso, ele afirmou seu direito constitucional contra auto-incriminação.

A Uber informou que dobrará os investimentos no próximo ano no Uber Freight, um serviço estabelecido em maio de 2017 para motoristas de caminhões e gestores de frota em busca de cargas para transportar em todo o território continental dos EUA.

A companhia se recusou a informar a quantia em dólares, mas classificou o crescimento do Uber Freight como promissor. O negócio está dobrando o número de cargas conectadas a motorista todos os trimestres, segundo o Uber.

A empresa disse ainda que o negócio de frete é uma área importante de investimento antes da oferta pública inicial de ações planejada para o próximo ano. O mercado de caminhões nos EUA movimenta cerca de US$ 700 bilhões (R$ 2,64 trilhões) e o Uber estará competindo em um mercado fragmentado e com muitos atores.

NO BRASIL

O mercado brasileiro também conta com uma série de empresas que buscam se tornar a Uber dos caminhoneiros.

Por aqui, o negócio toma impulso porque, com receitas em queda, caminhoneiros buscam ferramentas para aumentar seus ganhos.

O uso dos apps, segundo dados das próprias empresas e depoimentos de caminhoneiros, garante rendimento até 30% maior para os motoristas.

Não se sabe o número exato de apps —caminhoneiros falam em cerca de dez, dos quais se destacam Fretebras e TruckPad, com mais de 500 mil downloads registrados na loja Google Play.

Outra companhia nacional, a CargoX, emula uma operadora logística: cruza informações para encontrar o motorista certo para cada carga, monitora a viagem, faz o seguro de carga e gerencia o risco.