22/06/18 15h23

Unicamp inaugura Banco de Tecidos

Correio Popular

O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp passa a ser o quarto do Estado de São Paulo, e o segundo do Interior paulista, a contar com um Banco de Tecidos e Terapia Celular. A nova área, de 260 m², foi inaugurada ontem, se juntando ao HC da USP, à Santa Casa de São Paulo e ao Hospital Universitário de Marília. O espaço permite o processamento, armazenamento e disponibilização de tecidos biologicamente seguros, como ossos, cartilagens, tendões, ligamentos, meniscos e fáscias, utilizados em cirurgias nas áreas de ortopedia, neurocirurgia, otorrinolaringologia, cirurgia plástica, odontologia, entre outras.
Para o ortopedista, Gustavo Constantino de Campos, o rigor pela limpeza do banco deve ser elevado. “Trata-se de um ambiente onde a qualidade do ar é imprescindível no controle da contaminação de partículas para realização de procedimentos sensíveis à contaminação”, explica.

O destaque do local é a sala limpa destinada ao processamento de tecidos e a cultura de células, com quatro antecâmaras com pass-through, que são caixas de passagem de materiais para evitar a contaminação cruzada. O ambiente é o que possui a maior classificação de pureza existente na instituição: Grau A - ISO 5.

A nova área do HC da Unicamp conta ainda com uma antecâmara de acesso, um vestiário de barreira, um abrigo de resíduos, além das salas de apoio. De acordo com Campos, a cirurgia de enxerto de ossos estéreis permite uma melhora na qualidade de vida e autoestima do paciente receptor, na recuperação das atividades simples ou mesmo na saúde bucal.

O maior destino desse material é para pacientes oncológicos, com politraumas ou com doenças iatrogênicas, que são efeitos colaterais de um tratamento. “A absorção do osso enxertado varia dependendo do local do procedimento e da patologia primária”, afirma.

Doação

Uma das fontes de fornecimento desses tecidos são os pacientes submetidos a cirurgias de artroplastias, como a colocação de prótese de quadril, na qual a cabeça femoral é retirada. É necessário autorização da doação. Outro tipo de doador, segundo o ortopedista, e a utilização de cadáver desde que não seja portador de nenhuma doença transmissível como Aids, hepatites B e C, ou mesmo contaminações bacterianas.

Fatores como idade, antecedentes médicos e causa da morte também são levados em conta. “A preferência é pelo doador em óbito, já que esse permite a captação de um número maior de tecido ósseo do que em um doador vivo”, enfatiza Campos.

De acordo com Luiz Antônio Sardinha, coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) da Unicamp, o modelo de controle é o mesmo já aplicado para outros tipos de órgãos e tecidos. Familiares de potenciais doadores são orientados em caso de morte encefálica. Quando há disponibilidade para doação, a informação é passada para uma central, que aciona o banco de ossos mais próximo do local da extração.