15/02/18 11h20

Usina Verde já recebeu licença para instalação

Correio Popular

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) liberou a licença ambiental de instalação e a Prefeitura e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) começam a implantar a primeira usina de reciclagem de resíduos verdes. Ela processará cerca de 100 toneladas diárias de resíduos de capinagem e podas, outras 150 toneladas de restos de frutas, legumes e verduras e 80 toneladas de lodo de esgoto tratado, que hoje são levadas para aterro sanitário, para produzir composto orgânico que será usado como adubo nas áreas verdes da cidade, nas culturas do IAC e o excedente será vendido a produtores agrícolas.

O material será compostado em uma área de 6 hectares que começou a ser preparada no Centro Experimental Central do IAC, na Fazenda Santa Elisa. A previsão é que a usina comece a receber os resíduos a partir de junho, informou o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella e produza entre 200 e 220 toneladas diárias de adubo.

Segundo ele, será necessário ainda um investimento de R$ 8 milhões na aquisição de equipamentos, entre eles, um desintegrador, uma espécie de moinho do tamanho de uma carreta, com capacidade para triturar troncos de árvores com até um metro de diâmetro e transformá-los em serragem. Ele será usado para triturar galhos, resíduos de varrição e rejeitos.

Paulella avalia que o investimento se pagará em um ano, com a redução do custo de transporte e disposição do material em aterro. A proposta é que a usina também receba resíduos verdes do setor privado, que pagará por tonelada depositada.

“Teremos capacidade de produção muito grande, que irá também atender os municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC)”, afirmou. Os restos de frutas, verduras e legumes virão da Centrais de Abastecimento de Campinas S.A. (Ceasa), empresa municipal que integra a parceria.

A empresa também irá se encarregar da venda do adubo a agricultores interessados. O lodo do esgoto será disponibilizado pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), que também dispõe esse material em aterro.

O convênio com o IAC vai agregar tecnologia, porque a compostagem utilizará o método aeróbico, que exigirá que o material, depois de picado e amontoado em pilhas, seja revolvido constantemente. Segundo Paulella, isso acelera o apodrecimento. No método usado na Prefeitura, a compostagem leva de 150 a 180 dias e no IAC, levará 100 dias para humificar os resíduos, ou seja, transformá-lo em húmus, adubo.

O composto ideal tem que ter três fatores, afirmou. Primeiro, é o material verde, a galharia, que tem lignina, componente estruturante. O segundo é material orgânico, que enriquece o composto e que nesse projeto será o lodo do tratamento de água da Sanasa; terceiro são frutas, legumes e verduras (FLV), que possuem micro-organismos responsáveis por acelerar a decomposição.

Esse material será testado como fertilizante pelo IAC nas pesquisas da Fazenda Santa Elisa e receberá um selo de qualidade da instituição. “É um projeto de sustentabilidade de primeiro mundo e foi apresentado a uma comissão do Pnuma (braço da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente) que esteve na cidade no início de fevereiro para conhecer projetos ambientais e de sustentabilidade em desenvolvimento no município”, disse. O Pnuma elegeu o projeto entre os que terão financiamento.

A usina é parte do programa Reciclar Verde do Agropolo-Campinas, plataforma que une universidades, institutos de pesquisa, parques tecnológicos e Prefeitura em um trabalho de inovação para desenvolver projetos nas áreas de agricultura, alimentação, biodiversidade, bioenergia, química verde e desenvolvimento sustentável.