Bancos emprestam mais e preveem ritmo maior em 2019
Quatro maiores instituições afirmaram que estão dispostos a expandir a concessão de crédito
Folha de S.Paulo*Tássia Kastner
Os quatro maiores bancos do país afirmaram que estão dispostos a expandir a concessão de crédito para sustentar o crescimento do lucro nos próximos semestres.
Os resultados do terceiro trimestre mostraram que as entidades privadas já emprestaram mais e que esse avanço ocorre de forma mais expressiva nas concessões a pessoas.
Nesta quinta-feira (8), o Banco do Brasil divulgou que obteve lucro líquido de R$ 3,4 bilhões de julho a setembro, crescimento de 25,6% na comparação com igual período do ano passado.
O banco público foi o último entre as instituições de capital aberto a divulgar os números do período. Itaú, Bradesco e Santander também mostraram lucro maior.
O Banco do Brasil destoou dos concorrentes privados, porém, ao terminar o trimestre com a carteira de crédito praticamente estável, em R$ 686,3 bilhões —o total emprestado a pessoas físicas cresceu 2,3% no ano, mas caiu 5,9% no recorte de pessoa jurídica nesse período.
O desempenho reflete mudança nos produtos que o banco oferta a companhias, disse Marcelo Labuto, que assumiu a presidência da instituição no começo deste mês.
Segundo ele, em setembro, a carteira a empresas já começou a mostrar crescimento e esses números devem aparecer nos próximos resultados.
"Posso adiantar que no próximo ano o BB deve apresentar crescimento mais robusto, em linha com concorrentes", afirmou em entrevista que detalhou resultados do banco.
Na mesma comparação temporal, as carteiras de crédito de Itaú, Bradesco e Santander cresceram tanto no recorte de pessoa física quanto de jurídica, mas de forma discrepantes.
No Itaú, o volume avançou 11% a consumidores, mas 5,6% quando considerados os empréstimos a empresas.
No Santander, a diferença é ainda maior: avanço de 22,6% no crédito total concedido a pessoas, ante 3,5% a empresas.
Candido Bracher, presidente do Itaú, disse que o crédito deve crescer mais vigorosamente em 2019 e que o banco está satisfeito com o fato de a expansão ser mais acelerada nos segmentos de pessoa física e pequenas e médias empresas, em que "a geração de valor é mais elevada".
Nesse público, bancos conseguem fixar spreads (diferença entre a taxa de juros para captar e emprestar dinheiro) mais altos, a principal fonte de receita das instituições.
O fato de os bancos terem aumentado o crédito justamente para a pessoa física também explica a manutenção dos lucros elevados em um período em que a economia ainda cresce de forma sofrida.
Octavio de Lazari, presidente do Bradesco, afirmou que a expansão do crédito não deve embutir maior disposição a correr riscos. Essa foi a tônica da fala de todos executivos.
Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings, diz que essa cautela no risco só poderá ser verificada a partir dos resultados do primeiro trimestre de 2019, quando os empréstimos feitos nesse ciclo poderão figurar como eventual inadimplência acima de 90 dias.
"Não nos esqueçamos de que o desemprego ainda está alto e pessoas perderam renda."