12/07/19 14h00

Beneficiada por preços altos, exportação deve ser recorde

Safra 2018/19 do grão pode ser a maior da história e é impulsionada por problemas no cultivo dos Estados Unidos, que geraram valorização da saca

DCI

Com expectativa de exportação recorde, a produção de milho do Brasil segue beneficiada por alta de preços em decorrência de problemas da safra dos Estados Unidos. Redução do consumo pela China ainda não gera preocupação.

“Os preços subiram em pleno início de colheita da segunda safra, em junho. Isso ocorreu pelos problemas no plantio dos EUA, causados pelo excesso de chuva”, explica o analista de mercado da AgRural, Adriano Gomes.

A projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgada nesta quinta-feira (11) indica que as exportações devem atingir 33,5 milhões de toneladas na safra 2018/19, patamar recorde, superando a marca de 30,8 milhões de toneladas em 2016/17 e ficando bem acima do resultado da safra passada (23,8 milhões de toneladas).

Gomes destaca que o preço do bushel (25,40 quilos) do milho teve valorização de quase um dólar entre maio e junho e que isso impulsionou o preço médio no Brasil. “Em São Paulo houve um crescimento de 11% nos contratos futuros de agosto, para entrega no porto de Santos. No melhor momento de junho, a saca chegou a R$ 41,55.” Ele aponta que o patamar elevado do dólar em relação ao real também beneficiou os exportadores de milho.

Nesta quinta-feira (11) o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aumentou a estimativa de produção de milho do país para 13,875 bilhões de bushels. No mês passado, a projeção era de 13,68 bilhões de bushels.

Apesar disso, os contratos futuros fecharam em alta na Bolsa de Chicago. “Não acho que dá pra falar em quebra de safra. Mas se não produzir bastante milho, os EUA vão ter que importar mais do Brasil e de outros países, como a Argentina”, conta Gomes.

O Coordenador Geral de Culturas Anuais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Maria dos Anjos, declarou em coletiva de imprensa que a alta de preços está beneficiando o País. “O produtor está tendo renda e estamos exportando, gerando emprego e saldo para a balança comercial do Brasil.”

Também na quinta-feira (11), o Ministério da Agricultura da China declarou ter reduzido sua projeção para o consumo de milho no ano-safra 2019/20, em meio a surtos de peste suína africana pelo país. A previsão foi diminuída em 2 milhões de toneladas em relação ao mês anterior, devido a redução do rebanho suíno e, consequentemente, da demanda por ração.

Gomes avalia que essa crise pode impactar as exportações brasileiras, mas que a situação ainda é incerta. “Pode sim derrubar o volume, mas por hora não há nenhuma preocupação. Além disso, a necessidade de importação de carne pelos chineses pode acabar estimulando o consumo interno de milho por parte dos produtores brasileiros de suínos.”

 

Safra de grãos

O levantamento da Conab indica que a produção da safra grãos 2018/19 do Brasil deve chegar ao recorde 240,7 milhões de toneladas. O crescimento deverá ser de 5,7% ou 13 milhões de toneladas acima da safra 2017/18. A área plantada está prevista em 62,9 milhões de hectares, o que representa um aumento de 1,9% em relação à safra anterior.

Conforme a Conab, “um dos maiores destaques do período, em comparação com a safra anterior 2017/18, é o milho segunda safra”, com previsão de produção recorde de 72,4 milhões de toneladas, crescimento de 34,2%.”

Já o milho primeira safra deve ficar em 26,2 milhões de toneladas, ou seja, queda de 2,5%. Com isso, a safra total de milho em 2018/19 deve alcançar 98,50 milhões de toneladas (aumento de 22% sobre o período anterior, que foi de 80,71 milhões de toneladas).

No caso da soja, a previsão da Conab indica uma redução de 3,6% na produção, atingindo 115 milhões de toneladas.