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Bens não-duráveis devem se destacar

Valor Econômico - 09/01/2009

Num momento bastante complicado para a indústria, o segmento de bens de consumo semi e não-duráveis aparece com as melhores perspectivas de crescimento nos próximos meses. Menos dependentes do crédito e da confiança do consumidor, setores como os de alimentos, bebidas, vestuário e calçados - especialmente os dois primeiros, não-duráveis - tendem a mostrar, pelo menos no primeiro semestre, um resultado melhor do que os de bens de capital, duráveis (como automóveis e eletroeletrônicos) e intermediários (insumos e matérias-primas). Como lembra o economista Júlio Callegari, do JP Morgan, setores como os de alimentos e bebidas dependem mais da renda, que costuma sofrer o impacto da desaceleração da economia com mais defasagem do que outros indicadores- em novembro, por exemplo, o rendimento médio dos trabalhadores ainda subiu 4% em relação ao mesmo mês de 2007, segundo números do IBGE. O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, acredita que, no primeiro semestre, apenas a produção de bens semi e não-duráveis deve registrar alta em relação ao mesmo período de 2008. Ele projeta expansão de 2% para o segmento na primeira metade do ano, com destaque para alimentos e bebidas, ao mesmo tempo em que prevê queda de 1% na fabricação de bens duráveis e de 1,5% na de bens de capital. O outro ponto importante é que a inflação de alimentos em 2009 deverá ser significativamente menor do quem 2008, diz Borges. A LCA estima que o grupo alimentação e bebidas do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 5,5% neste ano, metade dos 11% estimados para o indicador de 2008 - o número de dezembro será divulgado hoje. "Isso é especialmente importante para as pessoas de renda mais baixa, para quem a alimentação tem um peso grande no orçamento familiar", destaca ele, que acredita num desempenho melhor da produção de alimentos e bebidas neste ano.