11/09/14 14h42

Bilhões do pré-sal atraem interesse dos estrangeiros

Portos e Navios

Se dependesse exclusivamente de Marina Silva, talvez ela optasse por não explorar o pré-sal. Falar em pré-sal sustentável é ilusão, pois a indústria do petróleo é a mesma há séculos, exceção feita a medidas de precaução ante desastres. A tecnologia evoluiu muito, mas a extração de petróleo jamais será um ato ambientalmente limpo. Mas, sem ele, o mundo pararia.

Em meio a acusações de Dilma Rousseff de que Marina Silva pretende deixar essa riqueza para segundo plano e defesa de Marina – garantindo que vai dar prioridade ao pré-sal – seguramente por exigências de seus aliados, não por decisão própria dela – o país recebe, a partir de segunda-feira, tradicional feira de petróleo: a gigantesca Rio Oil & Gas, em sua 17ª edição. Pena que a jóia da coroa, a Petrobras, esteja envolvida em escândalos, por atos de seus dirigentes recentes. A força da empresa e o prestígio do seus técnicos, no entanto, continuam intocados.

Para se aferir o profissionalismo do evento, tome-se como exemplo a presença francesa. Através da agência oficial de desenvolvimento Ubifrance, foi programada ida dos brasileiros a fábricas deles. Agora, chegam nada menos de 62 empresas, oferecendo desde cilindros hidráulicos a cabeamento elétrico e eletrônico de alta precisão. Um grupo começa a operar com fábrica em Campinas (SP) no fim do ano: a Courbis, de metais resistentes ao ambiente marinho.

A americana GE, uma das maiores empresas do mundo, não quer ficar atrás. Reuniu representantes de mais de 200 empresas, em São Paulo, para definir subfornecedores brasileiros para sua produção no setor de óleo e gás no país. E os noruegueses investiram tanto que já têm até uma associação dos investidores desse país no Brasil. Na feira passada, a mostra foi visitada por 53 mil pessoas, de 27 países;

Em fase eleitoral, o país debate o conteúdo local. O Instituto Brasileiro do Petróleo (IPB), promotor da feira, é contra o conteúdo local, pelo menos da forma atual, sendo favorável à suavização da obrigação de produção no país de tão alto percentual de máquinas e equipamentos. Do outro lado está o Sindicato Nacional da Construção Naval (Sinaval), que considera serem os benefícios da geração de tecnologia e emprego no Brasil muito superiores a questões como o aumento de custos desses itens em relação à simples importação.

Não há como negar que o fenômeno Marina Silva afeta o setor de energia. Além da polêmica do pré-sal, sabe-se que o contrato de montagem eletromecânica da usina nuclear Angra III acaba de ser assinado. A Eletronuclear e as empresas privadas parecem ter concluído que, em caso de eleição de Marina, a usina poderia ficar em segundo plano. Portanto, é hora de apressar tudo que possa ser polêmico.