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BNDES recebeu reforço de US$ 17.6 bi e deve retomar captações no exterior

O Estado de S. Paulo - 09/01/2009

O reforço de caixa que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recebeu do governo desde de novembro do ano passado, no empenho para garantir financiamento a empresas nacionais, somou R$ 40,5 bilhões (US$ 17.6 bilhões) e pode representar quase metade dos recursos liberados pelo banco em 2008. O volume exato de desembolsos no ano passado ainda não foi divulgado, mas deve ficar acima de R$ 90 bilhões (US$ 49.2 bilhões), dos quais em torno de R$ 50 bilhões (US$ 27.3 bilhões) vieram de recursos próprios. No ano passado, depois de sete anos de ausência no mercado externo, o BNDES voltou a captar e, pela primeira vez em sua história, emitiu Certificados de Depósitos Bancário (CDBs). A excepcionalidade do ano passado - causada pelo agravamento da crise financeira internacional num momento de forte investimento da indústria doméstica - deve se repetir este ano, estima Maria Isabel Aboim, superintendente da Área Financeira do BNDES. "O comportamento em 2008 foi algo totalmente inusitado, uma situação nova. Tudo está indicando que o mesmo comportamento se repetirá em 2009. A demanda continua forte e o que estamos vendo é uma repetição de padrão." Ela não descarta o retorno do BNDES ao mercado externo, até para "abrir caminho" para empresas brasileiras no exterior, num efeito semelhante ao que o governo obtém com operações do Tesouro no lançamento de papéis da dívida. "O BNDES não deve depender desse tipo de captação para o funding este ano porque isso é muito incerto. Mas o banco deve, sim, acessar este tipo de mercado. É muito importante estrategicamente diversificar as fontes", diz Maria Isabel. Mas, considerando as necessidades de volumes, que são relevantes, "o BNDES não pode depender de mercados que hoje abrem e depois fecham", ponderou. Neste primeiro semestre, o caixa do banco vai ganhar reforço extra com a entrada de recursos negociados com organismos multilaterais. O banco passou, no fim do ano passado, por um intenso período de negociações com o Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento, além do Eximbank japonês, JIBC. Ontem, o banco anunciou a liberação de US$ 250 milhões pela instituição japonesa.