18/01/19 11h34

BTG compra fatia de startup que passou por sua aceleradora

Valor Econômico

A BoostLab, aceleradora de startups criada pelo banco BTG Pactua l no ano passado, já rende oportunidades de investimentos. O Valor apurou que a instituição financeira comprou uma participação minoritária na Agronow, 'agtech' voltada para o monitoramento de safras via satélite. Trata-se do primeiro aporte feito pelo BTG em uma empresa que passou pela aceleradora. Procurados, BTG e Agronow não se pronunciaram.

Sediada em São José dos Campos, no interior paulista, a Agronow fez recentemente uma rodada de captações e levantou mais de R$ 3 milhões, incluindo o aporte do BTG. Atualmente, a empresa fatura cerca de R$ 10 milhões ao ano. A aposta é que o crescimento da Agronow nos próximos anos seja exponencial, o que tende a valorizá-la.

Conforme uma fonte, dois investidores institucionais - o BTG é um deles - injetaram, cada um, cerca de R$ 1,5 milhão. O aporte deu ao banco uma fatia entre 10% e 15% na Agronow. A SP Ventures, gestora de capital de risco (venture capital) especializada em agronegócios, é a principal acionista da companhia.

Com a injeção de capital, a Agronow deve investir em sua própria infraestrutura. A empresa possui softwares "pesados" e precisava reforçar a área, explicou uma fonte. Parte dos recursos também deve ser aplicada em esforços comerciais para ampliar a base de clientes. Os principais alvos da Agronow são bancos, seguradoras, tradings e indústrias de insumos (agrotóxicos e fertilizantes), que precisam acompanhar as condições das lavouras.

Um dos diferenciais da empresa é a rápida atualização dos dados. A cada três dias, a situação da safra de uma região específica do país é atualizada por meio de imagens de satélite e do uso de algoritmos. Com isso, a Agronow pode antecipar quebras de safra sem precisar de expedições a campo. Atualmente, a startup paulista acompanha principalmente as safas de soja, milho e cana-de-açúcar. No futuro, o acompanhamento de outras culturas agrícolas ganhará dimensão.

No horizonte de médio prazo da Agronow também está a internacionalização. No passado, executivos da empresa destacaram o potencial dos mercados de Argentina e Estados Unidos. Foi diante desse leque de oportunidades que o BTG decidiu investir.

Em entrevista ao Valor em maio de 2018, Renato Mazzola, sócio do BTG responsável por private equity, e Frederico Pompeu, responsável direto pela BoostLab, já haviam indicado que o banco lançaria no segundo semestre o primeiro fundo de investimento voltado a novas empresas com foco em inovação.

Na primeira rodada do BoostLab, seis empresas foram selecionadas. Além da Agronow, que agora tem o BTG como sócio, participaram do programa Liber, F (x), Neurotech, Clicksign e Zigpay. As companhias selecionadas na primeira rodada tinham receita anual entre R$ 900 mil e R$ 30 milhões. Uma segunda rodada de seleção de startups foi concluída pelo BTG em dezembro.