04/01/19 10h43

Calçadistas esperam melhora de exportações

Setor produtivo teve desempenho abaixo do esperado em 2018, prejudicado por queda de embarques, mas prevê ser beneficiado por conflito comercial entre China e Estados Unidos

DCI

A indústria calçadista espera recuperação em 2019, puxada por melhora nas exportações. Ao contrário do varejo, que teve crescimento acima do esperado no ano passado, o setor deve ter fechado 2018 com queda nos indicadores.

“Temos expectativa de melhora no mercado interno ao longo de 2019, com base já nos resultados do final do ano. Talvez ocorra uma pequena arrefecida no 1º trimestre, mas recuperando no período seguinte. Também deve ocorrer uma recuperação acentuada no mercado externo”, projeta o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein.

O dirigente acredita que o setor possa ser beneficiado pela guerra comercial entre Estados Unidos e China. “Deve haver uma recuperação das exportações, que sofreram quedas nos últimos anos, em função de um movimento notável de compradores americanos, que buscam diversificar suas fontes de suprimentos e reduzir sua dependência da Ásia”, assinala. De acordo com os dados mais recentes da Abicalçados, a produção do setor teve queda de 2,6% no acumulado de janeiro a outubro do ano passado, em relação ao igual período de 2017. Na mesma comparação, a exportação de calçados retraiu 8,6% em volume e de 9,8% em receita. Porém, em setembro e outubro, houve melhora na produção (5,2% e 6,6%) em relação aos mesmos meses de 2017. Em novembro, as exportações apresentaram alta de 6,6% sobre igual período do ano retrasado. “Esperamos que com um movimento maior de exportações, a produção brasileira de calçados volte a ter números positivos”, pontua Klein.

Varejo

O diretor executivo da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), Wesley Barbosa, afirma que em 2018 houve expansão de 2,6%. “Foi acima do esperado. Nos anos anteriores praticamente não houve crescimento. A perspectiva inicial era de 1% a 1,5%.” Ele destaca que as vendas tiveram desempenho positivo, mesmo com uma série de fatores prejudiciais ao comércio. “O ano foi comprometido pela eleição, Copa do Mundo [de Futebol], um alto número de feriados e a greve dos caminhoneiros.”

De acordo com a Ablac, mais da metade do total vendido corresponde ao segmento de calçados femininos. “O masculino fica em segundo, mas pelo valor, não pelo volume, que é inferior ao infantil”, diz Barbosa.

O consultor de negócios e diretor da Franchise Solutions, Pedro Almeida, explica que o desempenho foi positivo graças às vendas do último bimestre. “O 1º semestre foi muito fraco, o ano fechou positivamente pelas vendas de fim de ano e de uma maior confiança após as eleições.” Em 2019, a expectativa é de continuidade do crescimento. “A expectativa é de incremento na casa dos 3% nas vendas de lojas de calçados”, estima Barbosa. “A indefinição eleitoral travou investimentos do varejo. Agora, com a linha econômica definida, as ações são encaminhadas. Além disso, não haverá fatores desestabilizadores em 2019, como eleições e Copa do Mundo”, destaca.

Almeida acredita que o crescimento não será tão concentrado em único período, como foi em 2018. “A tendência é que seja mais diluído em 2019.”

O diretor da Couromoda (feira de calçados e artigos de couro), Jeferson Santos, explica que as boas vendas de fim de ano desencadeiam um processo positivo para o setor. “Calçados e confecções foi o 2º item mais vendido no Natal. O lojista vai precisar repor o estoque e fazer vitrine.” Ele projeta avanço de 5% na visitação da feira. “É o termômetro do setor, representa 35% do PIB anual. Esperamos a presença de grandes players internacionais e a participação de compradores de 50 países.” Santos afirma que as exportações costumam ser mais produtivas em momentos de maior estabilidade política. “O Brasil vende calçados para mais de 160 países”, reforça. Klein, da Abicalçados, acrescenta que os principais produtos exportados do País são calçados de couro e sandálias injetadas.