22/08/07 14h18

Cepal vê América Latina pronta para enfrentar crises

Valor Econômico - 22/08/2007

O aumento dos gastos públicos e o baixo nível dos investimentos nos países da América Latina são preocupantes, mas a região, especialmente o Brasil, nunca esteve tão bem preparada para enfrentar uma crise como a que vem abalando os mercados financeiros. A avaliação foi transmitida ontem pelo diretor da Divisão de Desenvolvimento da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Osvaldo Kacef, em palestra para investidores de países asiáticos e da América Latina, promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Kacef informou que, nos cenários da Cepal não se imagina maior desdobramento da crise iniciada no mercado imobiliário dos Estados Unidos, que, acredita o economista, deverá ficar confinada aos mercados financeiros. As fortes quedas nas bolsas de valores não deverão afetar sensivelmente o crescimento na região porque as empresas latino-americanas ainda usam pouco esses mercados como fonte de financiamento, em comparação aos empréstimos e emissão de outros papéis financeiros. A diversificação dos mercados de exportação na América do Sul também protege mais essas economias de uma desaceleração econômica nos Estados Unidos, que representa, em média, 20% do mercado para as exportações desses países. Situação contrária à do México e países da América Central, muito dependentes do mercado americano. A redução dos ganhos com as exportações não chega a ser um problema de curto prazo, mas "é um sinal de alarme", por indicar dificuldades orçamentárias adiante, avisa o economista. Nunca na história da região houve coincidência, como hoje, entre taxas razoáveis de crescimento sustentado e superávits em conta corrente (transações com o exterior) nos países da América latina, notou Osvaldo Kacef. Desde 2002 há crescimento e superávits nas contas correntes - estes últimos devidos principalmente às exportações e a remessas de imigrantes aos países natais.