03/01/19 13h58

Cervejarias crescem, mas veem ano com otimismo moderado

Valor Econômico

O consumo de cerveja no Brasil tende a crescer mais em 2019, acompanhando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que tem previsão de expansão de 2,53% este ano, ante 1,3% em 2018, segundo o boletim Focus divulgado na última semana do ano.

O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), que reúne empresas responsáveis por 80% da produção da bebida no país, estima para o ano que se inicia um crescimento no volume de vendas de um dígito médio (próximo dos 5%). Em 2018, o aumento estimado pela entidade é de "um dígito baixo" (cerca de 2%).

"O setor trabalha com um otimismo moderado para 2019. As indústrias entendem que será um ano de ajustes necessários no governo federal e com uma melhora gradual da economia. O setor deve acompanhar a melhoria da economia e do PIB", afirmou Disraelli Galvão Guimarães, presidente do Sindicerv.

Ele espera do governo de Jair Bolsonaro (PSL) um maior controle das contas públicas com racionalização das despesas, sem aumento de tributos. Guimarães também considera que o novo governo será capaz de fazer a reforma tributária, simplificando a cobrança de impostos. "A expectativa é que haja melhoria no ambiente de negócios, com mais previsibilidade e estabilidade nas regras."

Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), disse que já mapeou no Congresso nomes de deputados e senadores que podem ser "sensíveis à causa do setor cervejeiro". "Nossa expectativa é conseguir melhora nas condições de negócios para o setor", disse.

Entre os pedidos do segmento de cerveja artesanal está o aumento do limite do Simples Nacional. Em 2018, as microcervejarias com receita de até R$ 3,6 milhões passaram a ser incluídas nesse regime. Com isso, a carga tributária, que variava de 36% a 38% para uma indústria cervejeira, baixou para 8% a 12%. "Foi uma boa decisão, mas poucas cervejarias conseguiram se adequar a essa regra. O limite de faturamento é igual ao do varejo e é muito baixo para uma indústria", afirmou Lapolli.

O mercado de rótulos artesanais e especiais cresce mais que as vendas de cervejas em geral. Lapolli estima para este ano uma expansão de 25% a 30% no país, repetindo o avanço registrado em 2018.

De acordo o Ministério da Agricultura, até o início de outubro, havia no país 835 fábricas de cerveja artesanal, 23% mais que em 2017. Lapolli estima que o segmento encerrou o ano passado com a abertura de 120 cervejarias artesanais, chegando a 900 fábricas. Para 2019, ele projeta a abertura de pelo menos mais 100.

De acordo com a Abracerva, as artesanais respondiam por 2% do volume de cervejas produzido de no país em 2017 e passaram a 3% em 2018. A expectativa é que a participação da categoria continue avançando em 2019.

Não por acaso, a Ambev reforçou, nos últimos anos, a sua participação no segmento, com a compra da mineira Wäls e da paulista Colorado. A segunda maior competidora do mercado, Heineken, informou recentemente que estuda ampliar as vendas das suas marcas artesanais Baden Baden e Eisenbahn.