11/04/14 14h41

Com nova fábrica, Kärcher vai acelerar nacionalização

Valor Econômico

A alemã Kärcher inaugura oficialmente na terça-feira sua nova fábrica em Vinhedo, no interior paulista. Com um investimento de R$ 80 milhões, a fabricante de equipamentos e sistemas de limpeza doméstica e industrial está confiante em retomar o patamar de crescimento que marcou a companhia na primeira década dos anos 2000. A empresa cresceu em média 20% ao ano nesse período, mas o ritmo caiu para 13% em 2012 e 11%, em 2013. A estimativa para este ano é inverter essa curva e crescer 15%.

O grupo não divulga a receita no Brasil, onde atua desde 1975. Sua estratégia é manter as vendas no país equilibradas meio a meio entre os segmentos doméstico e industrial. Ao mesmo tempo que amplia a nacionalização dos equipamentos. Hoje, 60% da produção ainda é importada. Em 2007, esse índice era de 70%. A meta é atingir pelo menos 50% da produção local em três a quatro anos. A primeira linha nacionalizada na nova fábrica será a de lavadoras automáticas de veículos, equipamentos que serão instalados na primeira fábrica da BMW no Brasil, em Araguari (SC).

A antiga fábrica já desativada em Paulínia, também no interior de São Paulo, tinha capacidade para 430 mil unidades por ano e trabalhava "acima do limite", como conta o presidente da companhia no Brasil, Abílio Cêpera. A nova unidade começa com capacidade para 600 mil unidades anuais, cerca de 30% superior, podendo chegar a um milhão nos próximos anos. O número de funcionários passou de 400 para 550. "No Brasil que prevíamos há alguns anos, já deveríamos ter atingido o patamar de um milhão por ano", afirma Cêpera.

Apesar do mercado interno ter perdido fôlego nos últimos dois anos, alguns fatores animam a fabricante alemã. O Brasil tem hoje o maior mercado mundial de lavadoras de alta pressão movidas a energia elétrica, com 2 milhões de unidades. Esse volume acabou criando um importante segmento de prestação de serviços e reposição. E o crescente debate sobre a necessidade de reduzir o consumo de água abre espaço para o principal argumento de vendas dos seus produtos. "Atingimos até 80% de economia no consumo de água quando comparado com mangueiras normais", garante seu presidente.

A empresa desenvolveu um sistema de varreção para a Vale que eliminou o uso de água. O sistema recorre o minério de ferro caído nas ruas internas de algumas minas da Vale, em Minas Gerais, por onde circulam os caminhões carregados, sem utilizar água. O sistema antigo molhava o minério antes de ser recolhido, exigindo um processo posterior de secagem.

A expectativa também é positiva para as exportações. Com o aumento da capacidade de produção e a nacionalização, o Brasil deve ganhar mais espaço na região, já que tem a única fábrica do grupo na América do Sul. As exportações já representaram 40% da receita, mas estão em torno de 27% atualmente.

No mundo, a Kärcher faturou € 2 bilhões em 2013 e tem 10,5 mil funcionários. De capital fechado, a empresa tem administração profissional e os dois filhos do fundador Alfred Kärcher, Johannes e Susanne, participam da companhia por meio de uma fundação com cargos no conselho de administração. Johannes comandou a filial brasileira até 2001, quando voltou para a Alemanha para assumir a presidência do conselho.